segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ela é tia

Ela é tia...
Mas é de maresia
a sua freguesia.

Navega pelos mares secos
procurando -- Vê se acha
algumas gotas de
tempestade... Diz:
"quero montar uma
sinfônica jornada
de sons felizes -- que sejam
uma compacta sinfonia..." É!
Assim ela, que é tia, dizia.
-- Ela é tia,
do mar sem águas,
O que restou da própria maresia.

Ela é tia
esparrama gotas
de acri-doce sabor,
dos respingos das ondas
já desonduladas,
dos secos mares;
Em outros tempos:
navegados por sonhadores
-- Eram senhores
das idéias dos outros:
seus fieis e devedores.
Navegadores não eram,
Também não eram preletores
-- Nos mares turbulentos navegavam
e diziam que tesouros buscavam,
Além dos horizontes; nunca achavam.
Histórias de tufões,
ao som de maresias silentes,
narravam. Todos acreditavam!
Eram eles navegantes.
Errantes...
Farsantes...
Interessantes...
Contavam histórias de maresias
dos mares de águas salgadas --
Hoje são rios apenas:
Susbsistem, graças às tias de maresias
-- resquícios, nos mares secos,
de que eram corpos aquosos de antes.

domingo, 29 de setembro de 2013

A portada da janela

Je bous d'impatience,
ça ne va plus très bien
-- Na portada da janela
De coruja, ouço bicadas
É a Coruja de Minerva
que, por razões ignotas
Transferir quer
-- lá de Atenas
Para a distante China,
da sua mãe os olhos...

O tempo surpreendeu-a
com uma neblina; Então
ela pediu um conselho,
Na portada simples
da minha janela.

Respondi-lhe:
Siga firme,
Que a China é bela...

De agora em diante --
É conselheira para todos,
A portada da minha janela!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Uma coruja

Uma coruja pousou
no parapeito da janela
-- Um peitoril da vida
do observador atento;
Que busca encontar,
entre os escombros,
o mito existencial.
O mito de todos nós --
de qualquer jeito...

Por entre os dedos
-- dos seus espaços,
Peneira fatos
como lhe aprouver...
Sem dar satisfação
a quem a peça;
Transmuda caos
em harmonia de sons
de uma sinfonia
germânica qualquer.

Uma coruja pousou
no parapeito da janela.
Ouviu acordes desses sons
-- gostou!..
Cantar não soube, mas
Sugeriu uma fermata,
com suspensão do tempo;
E o compasso, enfim,
a todos agradou...
É a coruja regendo
a partitura --
Aquela que o Colombo,
em seu quarteto,
com maestria espanhola,
solenemente "desenhou"!

A coruja pousou
no parapeito da janela
E, ao sabor do seu desjo,
o mundo todo mudou!..

A Bibliotecária

Dos livros amiga,
Jornais e revistas
São o seu passatempo.

Artigos de fundo
-- da vida os rabiscos,
São os petiscos da sua
Enfurnada, alegre e
Plena de vida mental
-- terrenal existência.

Seus ais são movidos
por exógenos atos
de cronistas sabidos.

Retratos dos outros
que, sem o saberem,
foram adscritos:
Nas páginas brancas,
formando colunas de letras
-- com sabores deliciosos
das marmitas dos papitos.

Fecundas idéias
Sempre são novas estréias!
Abrem umbigo de amigas visões
-- banais e candentes,
Transportam aos astros fatais
Que longe navegam
dos nossos quintais.

Bibliotecária, amiga de livros
Reflete pensares a esmo
E constroi o seu ser unitário
-- emerso de si mesmo.
Assim é a Bibliotecária.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Na fumaça

Queimando os dias
na fumaça de um cigarro.
A sua vida se destrói
-- por nada. A fumaça
que, Apenas em pensamentos,
Dilui todos os sonhos seus.

Fumaça dos sonhos.
Fumaça dos olhos dela.
Da vida -- uma fumaça.

Abraça os dois, enlaça
a esperança nos restos
da fumaça. Deixa nada,
para depois -- para
nenhum dos dois.

Fumaça antes dos encontros.
Restos de fumaça depois.
Na dor do cérebro,
-- por cinzas apagado...
Nada mais resta
que a fumaça,
Um vazio buscando
os encontros insanos
dos dois!

Queimando os dias
na fumaça de um cigarro.
E depois?!.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Sonhador ausente

De segunda a sexta,
Aos sábados e aos domingos,
Mesmo nos dias de feriados;
A qualquer hora do dia
-- pela manhã,
-- à tarde,
-- durante a noite;
Tu esempre estás presente.
Na vida de infortúnio,
do infortunado sonhador,
Que se ausentou do mundo
Para viver ausente,
De todos e de si...

Apenas tu estás presente!
Embora não estando junto,
A vida dele destruiste,
Fazendo dele um robô
-- apenas um vivente:
Escondes nele tu
-- um teu joguete apenas...
Dos teus insípidos desejos,
a fonte de paixão perversa.

Adversa dele és tu;
De ti adverso é ele...
Unidos pela insipidez da vida,
Perderam ambos a noção do belo
-- Juntaram as suas anomalias,
Pensando em construir o começar;
Porém traçaram -- e somente,
o fim da estrada. Ali na frente:
Há uma placa -- "É bom parar!.."

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Justiça injusta

De Rui Barbosa
A mortalha trepidou
-- Mais uma vez
A justiça, de modo injusto,
Pela justiça própria,
Auto-imposta se escamoteou!

Depois de cisalhar
As ímprobas asas,
De novo as restaurou...

Em nome da justiça mesma,
Uma injustiça outra perpetrou!
De Rui Barbosa
A mortalha,
Corada de tanto pejo,
De novo trepidou.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Clicando o teclado

A qualquer dia da semana --
Pouco importa o número no mes,
Estás clicando o teclado --
Entre o Cirílico moderno e,
o do Camões -- o Português.

Do sol raiar
Até da lua
um feixe de raios
a crosta da Terra encobrir;
Estarás sempre clicando,
Como se quisesse
-- da estrada, em que pisas,
restos de poeira recolher...

Ungido te sentes.
No trabalho constante --
competir com a deusa Atena,
Terás encontrado
-- no monte Olimpo,
A tua morada perene!

Serás um, junto aos Doze.
Panteão levará o teu nome!
Falarás como a chuva,
ao sabor dos trovões.
Tempestade serás
-- como um raio de fúria.
Voarás como águia,
batendo as asas na Lua...

Da Hera farás a mensagem.
Para os homens darás o recado:
"Basta de atos hediondos!
Chegou ao final da história, a
ação dos segredos de Posêidon"!

Farás da Ártemis uma letrada,
De Apolo, uma noite enluarada e
Cravarás a flecha do amor
No coração da gente desesperada.
A qualquer dia da semana --
Não importa o número no mes,
Terás no monte Olimpo
A tua perene morada!

Aérea pista

Tu és um ascensorista
Manobras, como ningém,
as pistas de ascensão:
Aos picos monumentais,
Dos que buscam
Encontrar uma melhor,
aérea e segura vista.
Dizem ser aquela
uma -- de pouso,
aeropista.

São escaladores
De pedreiras
artificiais: Edifícios,
esconderijos de
humanos sem coração...
Depois de séculos,
perderam de si a noção!
Construiram mausoleus e
neles, dizem
Terem encontrado: a sua
total proteção...
-- Do que?
Também, não têm noção!

São anos de experiência.
Vivência robusta
De extrema paciência
Nutriu a soberba
da tua existência!..
Tu és tudo... Também
És tu nada, não!

Com asas de ferro
-- um condor astuto,
Feriu o teu peito hirsuto!

No reino do norte --
De Aquíleo porte.
Tiveste a sorte
De Morpho helenor Peleides:
Da guarda de Aquiles,
Dos jardins do Achilleion,
Passaste por sobre a morte!

És tu manobrista
das escaladas
de grande ascensão.

Перетинок між нами

Між мною й тобою
стоїть перетинок:
Листівки вітряні,
рознесені співом,
весняних громів.
Похожі на брижі
зелених лісів.
Яжбо так думав,
бо так я й хотів!

Від сходу на захід

Ти дома мандруєш
-- степами країни
в якій народився;

А я на чужині
-- мандрую стежками
другого народу,
що має свободу та ж
не знає про мене
й незнає мене...

Ось така наша доля:
Перетинок між нами.
Ти там, а я тут.
Для весняної брижі,
довірно не значно
-- таким є,
усе те що для нас
перетинком стає!..

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Armagedon

Eu vi uma pedra rolando
A pedra rolava, rolava:
Parecia caindo dos ceus
-- Da altura do espaço:
despencava do nada,
do etéreo fosco vazio.
Uma bola enorme de fogo
-- Era uma pedra:
Caia, rolando do espaço.

Alguns reis também viram
a pedra caindo.
Junto a Megido lutaram.
Da Sísera ouro queriam;
Mas despojo nenhum, nem
mesmo a prata levaram.

Proclamas se façam:
Dos tempos a guerra
-- a mais esperada,
Chegou!.. Guerreiros!
Vos espera a batalha,
do tipo que a Terra
-- a nossa,
jamais enfrentou...
Derretam-se os arrados;
Forjem-se as espadas,
Depressa, de foices,
se façam as lanças.

Nações levantem-se,
Reunam-se ali --
Armagedon espera!..
O vale de Josafá será a
Sua última quimera...
Ali toneis transbordam
licores de sabor de uva.
Bebam em festa triunfal,
O fim da nossa era!..

Eu vi uma pedra rolando.
Era uma pedra Armagedon.
Nela estava gravado:
"Esta é o ponto final
de toda e qualquer
imaginável quimera".

Não se deve desanimar

Nem sempre se perde
o que se tem por perdido.
Batalha nenhuma e
muito menos
uma esperança.
Esta sempre se alcança!..

Uma esperança tombada,
nas lombadas da estrada,
poderá ser reerguida se
-- depois de aplainada,
a lombada for suprimida.

Nem sempre uma batalha --
que se diz já estar perdida,
poderá ser esquecida!
A vitória poderá, sim:
Ainda que reconstruida,
ter sabor e ser sentida!..

Não há trava permanente
que aguente a força ingente.
Mesmo um pequeno sabiá,
da gaiola jorra o seu canto,
que perturba o sono santo --
de quem o trancafiou lá...

Jamais se rouba uma esperança.
Nem se esquece uma batalha
que tem ares de vitória...
É uma glória de atrevido
estar sempre precavido
de sua visão notótria:
Aplainar lombadas e
vencer guerras que
possam nem ter
cara de vitória.

Бурі літають

Розсипані бурі,
по світу літають.
Як порох маленький
вітри їх розносять --
Усюди: від хати до хати...
Від самої найбіднішої,
аж до найбагатішої палати.
Нема як і думать, про них;
А тим більше щось повідати
-- Поводитись як з ними?..
Як їх недоціль розпізнати?
Сидіти спокійно, напевне
Не так і подібно! То що ж
"шити-прясти" суспільно?..
Аби їх подолати!

Я збудував хату високу,
Покрив її очеретом
-- з хамна та соломи...
Зібрав до неї всю рідню
Щоби спокійно проживати
Й дати місце тихому сну.

Мій сусід тоже так думав.
Купив собі човна "Лагуна"
Задумав плавати, як мога:
Від берега, аж до порога
-- другого краю, доплисти
Спокійно... Так, як мога!
Така була його дорога.

Рзсипані бурі по світу
На хату мою налетіли...
Покрили її кришу з соломи
-- мій спокій забрали:
Громи дощового типу,
Як стріли, мій дах очеретовий
Оглушливим тріском, підпалили.
А човен сусіда проплив недалеко
-- Від берега свого
Він ще очей не звернув.
У глибинах морської води
Як та риба, він себе сам позбув.