sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Dama

Nas tardes tardias, do inverno que passou,
você não se apresentava como uma "dama"
--- pois era somente uma figura mui pacata.
Daquelas que não se dizem presentes. Era
tão somente u'a sombra sombria na solidão.

E não o era em vão. As tardes eram vazias!
Sem truques de benfazejos suspiros e ais...
Não se ouvia o canto mavioso dos rouxinóis.
Nem havia à sua espera algo sob os lençóis.
Tudo se parecia igual a si... Sem os crisóis!

Os seus amores não se saciavam, como era
--- de costume seu. Saciar-se de coisas vãs.
Você murchava sem se despir. Não era vista!
Vestida de crisálida, você se transformava ---
Para tornar-se uma incógnita incongruente!..

Não mais aquela de outrora. Agora, mais forte!
Mais presente ao sol nascente... À luz do dia,
parece até ser o vigia da sua própria existência.
Tornou-se mais mulher... Não mais sombria ---
Nem mais pacata... Agora é dama de Voltaire!..

Nota:
dama =
referência a Melinade, a dama
dos Contos de Voltaire

09/03/2010

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