domingo, 24 de outubro de 2010

Parquianos caucasianos

Paroquianos caucasianos
erigiram um castelo
de papel e cartolina.
E pintaram de azul celeste.

--- Parecia até um veleiro,
cortando as ondas do mar e,
as paredes foscas de neblina.

Aos olhos, dos que passavam,
parecia mais um galpão agreste.
Por dentro cheirava mofo;
embora, por fora, parecesse
um ceu sem estrelas... Era,
todo pintado de azul celeste.

Mais por fora que por dentro:
O palácio reluzia. Seja dia,
seja noite, algazarra acontecia.
Havia canto de festejos ---
Um regente os conduzia!..
Paroquianos rodopiavam:
todos cantavam de alegria!

--- Parecia até um veleiro,
cortando as ondas do mar e,
as paredes foscas de neblina,
ao tocar dos raios solares,
se derretiam e abaixo fluiam.

A pequena freguesia aumentava
--- de quantidade de gentes, mas
de qualidade, que é bom, não crescia.
Foi assim, que adentrou no castelo
a chamada “lei” de apostasia.

Não se sabe por que d'águas carga
o Zé bode apareceu... Um deles:
o bode Zebu; o outro, bode Nintendo.
Dizem que foi assim, que
a porca da paróquia o seu rabo torceu.

Nunca mais houve sossego.
O castelo começou a desmoronar.
As paredes, tingidas de azul,
começaram a amarelar.

O reboco, desprendeu-se.
Ficou à vista o vermelho dos tijolos
--- já agora, também, amarelado.
Estava acontecendo aquilo,
o que --- aos olhos de um mais perceptivo,
somente poderia ser esperado.

Nada há de inusitado.
Segundo a lei causal,
o semeado sempre será ceifado.

Os paroquianos caucasianos,
delidos pelo sabor das águas salgadas,
se viram forçados a doar os seus haveres
a dois bodes: o bode Zebu e o bode Nintendo.

10/24/2010

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