Teoria Normanda É a teoria segundo a qual os varegues (normandos) seriam os iniciadores do Estado da Rus' Kyiviana. A teoria foi elaborada, na segunda metade do século 18, por Gottlieb Ziegfried Bayer [1694 - 1738, historiador alemão e formulador da Teoria Normanda], Gerard Friedrich Müller (1705 - 1783, historiador russo), e outros. Os opositores da teoria foram: M. V. Lomonossov, D. I. Ilovais'ki [1832 - 1920, historiador russo], S. A. Hedeonov [1815 - 1878, historiador russo]. |
A "quetsão varegue"
Texto original de Demin Valerij: "Varegues - a última paixão nórdica"
"Questão varegue" é o núcleo da "Teoria Normanda".
Na verdade, para ambas as partes - os normandistas e os anti-normandistas, os varegues da Rus' (outro nome para os vicking escandinavos - os normandos), que falavam ou o sueco, ou o norueguês (para alguns, um dialeto dinamarquês).
Se nas "Crônica dos Anos Passados" de Nestor, repete-se algumas vezes "varegue = rus' ", então é lógico admitir-se que, se os varegues eram escandinavos, então a "rus' " [seja tribo, assim denominada pelos vizinhos, ou território, pouco importa] deve ter sua origem escandinava.
Começaram assim as buscas da "rus' " mitológica entre os suecos, noruegueses, e os finos (finlandeses).
E por que os varegues seriam escandinavos?
No fragmento da crônica inicial, a respeito do convite de Riurik e de seus irmãos, afirma-se apenas que os varegues denominavam-se rus', no sentido de pertinência étnica e linguística, e deles se originou o nome Rus' como Estado ["a partir destes varegues originou-se o nome terra da Rus' "]. No texto original não há pois referência alguma a raizes escandinavas, tal como "varegue de ultramar" ou "de além do mar".
A crônica de Nestor prima pelo idioma eslavo antigo, e os eslavos-novgorodianos contam a sua linhagem originária a partir dos varegues ["vós sois, povo novgorodiano, originários dos varegues, que primeiro eram eslavos"]. Aqui está claro que, no início os varegues eram eslavos e, junto com os novgorodianos, falavam a mesma lingua - o eslavo.
Por que o cronista Nestor, em sua enumeração da "descendência de Jafé" - varegues, suecos, noruegos, godos, rus', anglos, halícios, valáquios, romanos, alemães, venezianos, e outros, não identifica os varegues como se fossem eles suecos ou noruegueses (embora na relação estejam lembrados antes da rus' ) e nem afirma que os varegues falassem sueco ou norueguês?
Para o cronista, e para todos os eslavos daquela época, era bastante claro que os varegues eram, tanto quanto eles próprios, rus' eslavos - nem precisavam de tradutores para manter comunicação entre si, pois falavam uma lingua semelhante. O que era evidente para o Nestor e seus contemporâneos, mais tarde tornar-se-ia uma dificuldade na interpretação da "A Crônica dos Anos Passados". Porém, não para todos.
Mikhail Vassilievitch Lomonossov [escritor e físico russo; em 1760 publicou a primeira história da Rússia], tentou provar para os "normandistas alemães" de que não havia encontrado nenhuma palavra varegue dentro da lingua russa.
Nestor Cronista do século 11 e início do século 12 d.C., hegúmeno (monge) do Monastério da Gruta de Kyiv (Kyivo Pechers'kyi Monastyr). Autor das obras "A Vida de Boris e Hleb", "Teodósio da Gruta", e da versão original da narrativa "A Crônica dos Anos Passados" ou "A Crônica de Nestor". |
Ainda, segundo Lomonossov, como entender relacionamentos seculares muitos estreitos entre dois grupos étnicos varrendo caminho "de varegues até gregos", atravessando as terras eslavas - príncipes varegues, druzhyna varegue, gosty (mercadores) varegue, aproximadamente 2.000 kurgan varegues [jazigo coletivo, do final do neolítico até o século 10 d.C., nas estepes do sul das terras eslavas e na região de Smolens'k].
Hnezdovskie Kurhany (Kurgany de Hnezdovo) Hnezdovo - uma cidadela, ao sul de Smolens'k, do século 10 e início do século 11 d.C., com 3.000 kurgan. Em Hnezdovo foi encontrada, ao lado de objetos de origem escandinava, uma das mais antigas inscrições eslavas conhecidas até agora - sobre "kortchaha" (um vaso de barro), mas nenhuma palavra varegue foi encontrada ali. |
Mesmo os khazares deixaram sua marca lexicológica [Príncipe Vladimir, em "Palvra a respeito da lei e bem-aventurança", se denomina "kahan" - palavra usada pelos povos turcos (entre os ávaros, khazares, petchenegues, e outros) para designar o chefe de Estado, no século 8 e início do século 9 d.C.].
Mais ainda, Lomonossov encontrou na lingua russa, muitas palavras vindas do alemão, do polonês, do francês, do inglês, e de muitos outros idiomas; mas nenhuma palavra foi encontrada que fosse oriunda do varegue.
Mas por que não foi encontrado nada de um idioma específico varegue, nem algo similar por conta das falas escandinavas? A resposta, segundo Lomonossov, é simples: "os varegues eram rus' "; porém, não no sentido de pertinência a uma determinada tribo estrangeira desconhecida (tal como os normandistas tentaram demonstrar), mas no sentido pleno de suas origens rus'-eslavas - eles próprios e a sua lingua (falada pelos varegues).
Este ponto de vista, pela primeira vez, foi apresentado pelo veemente anti-normandista Yuri Ivanovich Venelin (1802 - 1839). Escrevia Venelin: "Rus' ou russy, como povo normando (escandinavo) jamais existiu. O que se tem é uma criação imaginosa de alguns prospectores de fantasias. Estes não apreenderam nem entenderam Nestor!". E, a partir da tese falaciosa, inferiram as suas conclusões "incontestáveis".
Mais tarde, as argumentações de Venelin foram desenvolvidas pelo historiador anti-normandista, chefe da comissão arqueológica e de teatros imperiais (1867 - 1875) e diretor do Ermitage de St. Petersburg (1863 - 1878) - Stepan Aleksandrovich Hedeonov (1815--1878), em sua obra "Os Varegues e a Rus' ", editada em 1876.
Para Hedenov, os varegues não eram relacionados com os normandos de fala germânica, mas com os eslavos-vahras baltas, exterminados pela expansão dos cruzados.
Hedonov teve interpretação correta da crônica inicial de Nestor: os varegues eram eslavos e falavam uma lingua eslava. Porém, faltava entender por que os varegues tiveram tanta importância na história mundial - principalmente, não destrutivamente, mas construtivamente e de modo unificador.
Uma tarefa assim teria de ser de um conjunto de populações portadoras de energias, da coesão de comunidades de gentes voltadas para um mesmo e único objetivo, aos quais Leo Humilev denominara de "passionariyi" ou paixão (quando desenvolveu os estudos, sobre a biosfera, de Vernadski).
Vernadski (V. I. Vernadski, 1863 - 1945) Obras sobre a Filosofia, Ciências Naturais, e visão científica do mundo. Criador da teoria sobre a biosfera e da sua evolução; sobre a poderosa influência da biosfera no meio ambiente do homem e as transformações da biosfera contemporânea nossa em noosfera - a esfera da razão (juizo de intelecto). |
Dotados de um enorme potencial energético e de elevada atividade, os varegues, segundo a sua natureza, foram incumbidos para serem guias (os pioneiros), inspirando alma às massas dos povos lhes connfiados, preparando-os para as façanhas e imbuindo-lhes a vontade para se tornarem a grande força propulsora do progresso da história
Gente assim jamais teria permitido extinguir-se, como se ovelhas indefesas fossem, tal como aconteceu com os eslavos baltas.
Na verdade, poderiamos até chamar os varegues de tribo, todavia com determinadas e suficientes condições favoráveis. Antes de tudo, os varegues representavam uma fraternidade militar especial - um protótipo de futuras ordens de príncipes cavaleiros. Habitavam as costas do Báltico (mar Varegue), mas a crônica fala de habitantes de Ultramar (transmarinos) e estes bem que poderiam ter sido os territórios árticos do oceano Gelado que, em relação à Rússia européia, ao norte, seriam o mar Báltico e o mar Branco.
Os varegues tinham uma boa organização, dominavam todos os ramos da atividade econômica, eram bons comerciantes, dominavam técnicas de administração estatal e, principalmente, a arte militar.
Foi por isso que os novgorodianos, em 862, se apresentaram a Riurik e seus irmãos, para solicitar-lhes um "auxílio organizacional". E os varegues eslavos responderam imediatamente; mais que isso, tomaram parte na fundação da Rus' Kyiviana - este seria o primeiro Estado Eslavo políticamente organizado.
Mais tarde, os derradeiros "passionariyi" da história do norte imperceptivamente e sem barulho excessivo desapareceram do horizonte a histórico dos eslavos. Passaram a serviço dos imperadores bizantinos, onde se constituiram em esqueleto da guarda real palaciana (druzhyna).
A druzhyna varegue (destacamento militar armado) então se compunha de aproximados 6.000 vitiaz-ei (guerreiros) estáveis e excelenttes rubak (espadachim). Graças aos varegues, os exércitos bizantinos obtiveram muitas vitórias brilhantes.
É também significativo que em Tsargrad (Constantinopla, hoje Stambul) os varegues eram considerados como eslavos.
Embora nas fileiras militares eslavo-varegues também figurassem os escandinavos, estes sempre na base contratual. A propósito, os normandos europeus jamais se consideraram varegues e se designavam como tais, sòmente quando compunham as fileiras de druzhyna-varegue eslavas; quando a condição contratual expirava, então retornavam à sua situação anterior de vicking - não mais sendo varegues.
Na verdade, houve um relacionamento estreito entre os varegues e os escandinavos, mas quem exerceu influência maior sobre quem, ainda está em discussão.
Assim também, em relação a empréstimos culturais escandinavos. Na vestimenta, nos armamentos, nos objetos de culto, nos utensílios domésticos, nos ornamentos, pelas descobertas arqueológicas, muito se tem de escandinavo na específicidade varegue.
Quando os minuciosos gregos interrogavam nossos compatriotas (eslavos) - os servidores da guarda imperial: "De onde sóis vós, varegues?" - estes, não titubiando, respondiam: "De Tula..." |
Tula, cidade junto ao rio Upa (afluente da margem direita do rio Oka), conhecida desde 1146; em 1503 integou o Estado Moscovita.
Mas, por Tula subentende-se não a cidade-centro regional eslavo daquela época, mas a antiga Hyperboreos (Hiperborea) - a terra do povo mítico que os gregos localizavam no norte da Europa, de outro modo - a Tula. Exatamente assim é denominado um país secreto polar na "Geografia" de Estrabon e em outros autores da antiguidade.
Estrabon de Amasea 64/63 a.C. - 23/24 d.C. Filósofo estóico, historiador e geógrafo grego, viajou muito pelas terras da Grécia, Itália, Córsega, Nilo e Ásia Menor. Escreveu "Geografia" em 17 volumes, sendo a base dos conhecimentos geográficos da antiguidade. "Anotações Históricas" outra obra sua, não chegou até nós. Seus escritos são ricos mais em dados coligidos que em suas observações e critérios. |
Os bizantinos falavam sobre uma "ilha gigante Tula"¨, que ficava no centro do oceano Gelado.
A raiz do nome é similar à raiz do nome de uma cidade eslava da época, mas que não era coincidência única. Por exemplo, a antiga capital centroamericana do império dos toltecas também chamava-se Tula.
Topônimos com raiz "tul" são usados com muita frequência: Tulon e Tulus (Toulon e Toulous, França), Tulcha (Tulcea, Romênia), Tul'chin (Ucrãnia), Tulms'ky kamen' (cordilheira, Ural do norte), Tuloma (rio em Murmans'k, Rússia), Tulos (lago na Carélia, Rússia).
Segundo o dicionário de Vladimir Dal', o significado de "tula" é "lugar secreto, oculto, inatingível".
Vladimir I. Dal' (1801 - 1872) Escritor russo, lexicógrafo, etnógrafo, e membro correspondente da Academia de Ciência de Peterburgo (1838). A sua obra mais importante "Dicionário da Grande Lingua Viva Russa" (1863 - 1866, em 4 volumes). |
Outros termos russos têm a raiz "tul":
"tulo", "tulovyshche" - tronco (corpo sem cabeça e sem os membros),
daí originou-se "tulup" - a vestimenta de gola larga, peliça ou casaco de peles;
"tulo" (daí, "vtulka") - aljava ("kolchan") em forma de tubo, onde se guardam as flexas;
e assim por diante.
Para o significado etimológico de "variah", apareceram diversas suposições. No "Dicionário da Grande Lingua Viva Russa" de Vladimir Dal', "variah" (varegue) significa "pequeno comerciante", "comprador de mercadorias", sinônimo de "vendedor ambulante" (korobeinik) e de "mascate" (ofeni).
Em ucraniano, "voriah" (voregue) tem significado de "lutador" (borets) - "homem grande e forte".
Numa pronúncia variante "variaha", o termo adquire o significado de homem "provornyi" (ágil, ligeiro), "boikyi" (decidido), "rastoropnyi" (expedito, desembaraçado).
Não há pois razão de se insistir na procedência estrangeira do nome "variah" (varegue) que, até pouco tempo significava um "pequeno comerciante", um "mercador".
Neste sentido, Sadko e Solovei Budimirovich eram os variahy (varegue) de Novgorod, das belyna-s - as clássicas epopéias populares russas. O primeiro tendo sido um "husliar" ou tocador de "husli" (um antigo instrumento musical de várias cordas) e cantor-vate.
No "Dicionário Etimológico da Lingua Russa" de Maks Fasmer consta que, no passado, o termo "variah" tinha como sinônimo o vocábulo "kelbiah" (utilizado na edição expandida de Ruskaia Pravda, do século 12) e que significava "variah - membro da união [fraterna]". Aqui o termo adquire um significado não no sentido étnico, mas como representação de uma categoria social e sociológica.
Maks Fasmer (Vasmer, 1886 - 1962) Linguista alemão e estudioso da etimologia das linguas indo-européias, fino-ugáricas, e turcas. Escreveu tratados de lexicologia das linguas eslavas, história da distribuição dos povos eslavos, iranianos, baltas, e fino-ugáricos na Europa Oriental). Em 1928, Maks Fasmer tornou-se membro estrangeiro da Academia de Ciências da URSS. |
Assim, os varegues (variah) eslavos, mesmo na sua autodenominação, fazem alusão a antigas raizes arianas - sendo os últimos dos povos hiperbóreos, guardiães das tradições da primitiva pátria ártica perdida.
Assim, na estrutura social fraterna militar (da ordem) teriam parcialmente subsistido as arcaicas e fortes características da estrutura das castas antigas arianas.
Não sem razão que, na costa do oceano Gelado, restaram muitos vestígios toponômicos da longa permanência dos varegues. Este é o golfo Varanger-fiorden (Varanger-fjord, Variazhs'kyi zaliv = golfo varegue) que banha, pelo ocidente, a península russa "Rybachyi poluostrov" e, pelo sudeste, a península norueguesa "Varangerhalvoya".
Entre outros, o seguinte golfo para o ocidente, denomina-se Yar-fiord:
a primeira parte do termo composto é tipicamente eslava (russa) e, acima de tudo, relacionada com o nome do deus pagão Sol - "Yarilo" (na mitologia eslava, relacionado com a fecundidade; o culto era conduzido com danças populares e brincadeiras carnavalescas).
Certamente, este é o além-mar (ou parte dele) ao qual fazem referência as crônicas iniciais eslavas (para alguns, russas). Realmente, varanhs'ki (Varanger-fjord) = variazhs'ki (golfo varegue) = hiperboreis'ki (hiperbóreos).
hiperbóreos Povos que habitavam ao norte dos skify (citas), na região dos montes Riphos. O nome tem origem topológica, da sua posição para além de onde vinham os ventos boreais (do lado norte, da zona limítrfoe com Ártico). Para os antigos, os hiperbóreos eram seres prediletos dos deuses, adoradores de Apolo, isentos de todo o mal e que viviam de baixo dos mais belos céus. |
Riphos (Rifeys'kie hory) Para os geógrafos da antiguidade, este era o nome dos montes Urais. Virgilio denomina-os como Hiperboreus, que seriam os da Sarmácia européia (Rhipael Montes). |
skify ou citas Povo nômade, integrado por um conjunto de tribos de caracteres raciais diferenciados. Durante a época clássica, habitavam os territórios ao norte do mar Negro e do Cáucaso. Em suas origens, estes povos estenderam-se pela grande parte das estepes euro-asiáticas. Durante o século 7 a.C., os citas entraram em contato com os medas, subjugando-os após terem derrotado a Ciaxares (filho de Fraortes e rei da Média); mas a reação meda fez com que os citas se estabelecessem em Cítia (histórica), que ficava entre o Danúbio e as nascentes dos rios Bug, Dnipro (Dnieper) e Dnistro Dniester). Nas estepes entre os rios Volga e Vístula (regiões da atual Ucrânia) hgabitavam as tribos sármatas (povo nômade de origem iraniana). Estes, até os fins do século 3 a.C., conseguiram formar uma grande confederação militar - assinalando o seu apogeu. No ano 200 a.C. atacaram o reino dos citas, destruindo totalmente e chegaram até às proximidades do Báltico (que ficou conhecido como o mar Sarmático). Os citas, derrotados, tiveram de se refugiar no norte da Europa, onde desapareceram misturnado-se com os povos de origen fina (finlandeses). No século 4 d.C., os sármatas foram derrotados pelos godos. |
As raizes da Rus' mergulham no longinquo e indecifrável passado indo-europeu. Teve seu início, conheceu seus explendores, viveu abalos catastróficos e a sua queda norrena, lá onde o clima de então era bastante diferente do atual.
Aos poucos, seus habitantes migraram para o sul, fugindo das condições desfavoráveis que ali iam se estabelecendo, eram os ancestrais das atuais etnias - indianos, arianos, gregos, espanhóis, italianos, armênios, ossétios, e outros.
Próximo às latitudes norte, parte dos eslavos, fixou a sua permanência; como consequência, foram destes que se desmembraram as nações eslavas e que chegaram até hoje. Varegues - os últimos "passionariyi" do norte - perpassaram velozes o horizonte eurasiano, qual bólido radiante, deixando trás de si indeleveis rastros na história dos eslavos!
A seguir alguns apontamentos, de trabalhos relacionados com o estudos dos varegues, de estudiosos russos, num período de dois séculos e meio, começando com V. N. Tatishchev até B. A. Rybakov e O. N. Trubachev.
Em "Rus' i variahi", N. I. Vasilev demonstra, abrangendo quase que toda a literatura moderna a respeito do assunto, que os normandistas da atualidade nada têm acrescentado de novidade ao que já se conhecia. Apenas reproduziram hipóteses, na sua maioria já "refutadas", dos pais da "teoria normanda", o trio teutônico da Academia de Ciências de St. Petersburg - Bayer-Müller-Schlözer.
É conveniente sabermos de que a "Teoria Normanda" nasceu numa época bastante específica - trágica e obscura da história russa: bironovshchina, talvez como consequência direta e lógica do período.
Justamente, no momento da proclamação da "Teoria Normanda", a área de estudos normandos foi marcada pelo obscurantismo total. A submissão de quaisquer pensamentos livres possíveis, durante o período, foi absoluta. Não havia argumentos viáveis, em todas as esferas da vida, daquela época, que pudessem se contrapor ao poder dominante. "Dyby" (tortura) e "plakhi" (cadafalsos) - era a característica fundamental da bironovshchina.
O todopoderoso Biron - favorito da Anna Ivanovna, apoiou pessoalmente a Gottlieb Ziegfried Bayer, quando este fez a proclamação do seu primeiro "Manifesto Normando", publicado em 1735 - em plena vigência da bironovshchina. Assim, desde o seu nascedouro, e na sua trajetória atual e futura, a teoria normanda tem e terá marcada em si a "bironovshchina espiritual".
Mas voltemos ao conteúdo de "Rus' i variahi" (A Rus' e Os Varegues).
Além do tabalho de N. I. Vasilev, a obra contém mais quatro artigos de outros autores: I. V. Tashkinov, N. A. Morozov, Yu. D. Petukhov, A. Eleseiev.
O artigo de A. Eleseiev "Drevnie rusy: narod i kasta" (Os rusynos antigos: povo e casta) formula as condições existenciais e a presença, entre os eslavos antigos, de indícios de privilégios de estamentos de casta, existentes nas diferenciações da época ariana. O autor considera que, particularmente na camada social intermediária - a dos guerreiros (o protótipo do que seriam os "kozaky" no futuro), é necessário levar em conta toda a globalidade étnica dos proto-eslavos, incluindo os varegues.
No geral, os autores dos artigos consideram, a plausibilidade da origem dos varegues, serem as regiões do Báltico e as do mar Negro.
Assim, no momento da convocação dos varegues pela Grande Novgorod, eles (os varegues da Rus', ou rusynos) estariam habitando os vastos territóriios bálticos.
Todavia, isto não quer dizer que os varegues estivessem habitado sempre esta região. A lembrança popular tem guardado, na memória coletiva dos eslavos, de que as raizes genealógicas primitivas - a dos "Riurikidas", teriam suas origins nas planícies da bacia dniproviana (do rio Dnipro).
E o nome "Riurik" teria verdadeiramente a origem eslava, seria então "Yurik". Segundo as tradições eslavas orientais, Yurik teria chegado a Novgorod, vindo das estepes da bacia do rio Dnipro. Os novgorodianos admirados com a razão e a sabedoria dele, concordaram para que ele se estabelecesse como "Senhor" - proprietário em Novgorod.
R-Yurik (Riurik) então impôs, a princípio, um pequeno tributo sobre cada habitante da cidade; depois, aos poucos, foi aumentando a carga tributária, até que tornou-a insuportávelmente pesada [o que foi continuado por todos os outros Senhores (governantes) que se seguiram].
Esta lenda(história) foi escrita, nos anos 70 do século XIX, por Elpidifor Vasilievich Barsov (1836--1917), um amante e colecionador dos folclores orientais.
Mas, os anti-normandistas afirmam, com toda a certeza, de que os adeptos da "Teoria Normanda" até hoje não conseguiram fatos convincentes ou argumentos fortes para embasar seus pontos de vista, para a teoria que sugaram - de início até o fim, de seus dedos.
De outra parte, os corifeus da história eslava (os russos): M.V. Lomonossov, V.N. Tatishev, V.A. Trediakovs'ky, jamais perderam a sua força de combate pela restauração da verdade histórica eslava.
PS.:
OS APONTAMENTOS
Apontamentos de estudiosos russos sobre os varegues
de V. N. Tatishev até B. A. Rybakov e O. N. Trubachev
A seguir alguns apontamentos, de trabalhos relacionados com o estudos dos varegues, de estudiosos russos, num período de dois séculos e meio, começando com V. N. Tatishchev até B. A. Rybakov e O. N. Trubachev.
Em "Rus' i variahi", N. I. Vasilev demonstra, abrangendo quase que toda a literatura moderna a respeito do assunto, que os normandistas da atualidade nada têm acrescentado de novidade ao que já se conhecia. Apenas reproduziram hipóteses, na sua maioria já "refutadas", dos pais da "teoria normanda", o trio teutônico da Academia de Ciências de St. Petersburg - Bayer-Müller-Schlözer.
É conveniente sabermos de que a "Teoria Normanda" nasceu numa época bastante específica - trágica e obscura da história russa: bironovshchina, talvez como consequência direta e lógica do período.
Justamente, no momento da proclamação da "Teoria Normanda", a área de estudos normandos foi marcada pelo obscurantismo total. A submissão de quaisquer pensamentos livres possíveis, durante o período, foi absoluta. Não havia argumentos viáveis, em todas as esferas da vida, daquela época, que pudessem se contrapor ao poder dominante. "Dyby" (tortura) e "plakhi" (cadafalsos) - era a característica fundamental da bironovshchina.
O todopoderoso Biron - favorito da Anna Ivanovna, apoiou pessoalmente a Gottlieb Ziegfried Bayer, quando este fez a proclamação do seu primeiro "Manifesto Normando", publicado em 1735 - em plena vigência da bironovshchina. Assim, desde o seu nascedouro, e na sua trajetória atual e futura, a teoria normanda tem e terá marcada em si a "bironovshchina espiritual".
Mas voltemos ao conteúdo de "Rus' i variahi" (A Rus' e Os Varegues).
Além do tabalho de N. I. Vasilev, a obra contém mais quatro artigos de outros autores: I. V. Tashkinov, N. A. Morozov, Yu. D. Petukhov, A. Eleseiev.
O artigo de A. Eleseiev "Drevnie rusy: narod i kasta" (Os rusynos antigos: povo e casta) formula as condições existenciais e a presença, entre os eslavos antigos, de indícios de privilégios de estamentos de casta, existentes nas diferenciações da época ariana. O autor considera que, particularmente na camada social intermediária - a dos guerreiros (o protótipo do que seriam os "kozaky" no futuro), é necessário levar em conta toda a globalidade étnica dos proto-eslavos, incluindo os varegues.
No geral, os autores dos artigos consideram, a plausibilidade da origem dos varegues, serem as regiões do Báltico e as do mar Negro.
Assim, no momento da convocação dos varegues pela Grande Novgorod, eles (os varegues da Rus', ou rusynos) estariam habitando os vastos territóriios bálticos.
Todavia, isto não quer dizer que os varegues estivessem habitado sempre esta região. A lembrança popular tem guardado, na memória coletiva dos eslavos, de que as raizes genealógicas primitivas - a dos "Riurikidas", teriam suas origins nas planícies da bacia dniproviana (do rio Dnipro).
E o nome "Riurik" teria verdadeiramente a origem eslava, seria então "Yurik". Segundo as tradições eslavas orientais, Yurik teria chegado a Novgorod, vindo das estepes da bacia do rio Dnipro. Os novgorodianos admirados com a razão e a sabedoria dele, concordaram para que ele se estabelecesse como "Senhor" - proprietário em Novgorod.
R-Yurik (Riurik) então impôs, a princípio, um pequeno tributo sobre cada habitante da cidade; depois, aos poucos, foi aumentando a carga tributária, até que tornou-a insuportávelmente pesada [o que foi continuado por todos os outros Senhores (governantes) que se seguiram].
Esta lenda(história) foi escrita, nos anos 70 do século XIX, por Elpidifor Vasilievich Barsov (1836--1917), um amante e colecionador dos folclores orientais.
Mas, os anti-normandistas afirmam, com toda a certeza, de que os adeptos da "Teoria Normanda" até hoje não conseguiram fatos convincentes ou argumentos fortes para embasar seus pontos de vista, para a teoria que sugaram - de início até o fim, de seus dedos.
De outra parte, os corifeus da história eslava (os russos): M.V. Lomonossov, V.N. Tatishev, V.A. Trediakovs'ky, jamais perderam a sua força de combate pela restauração da verdade histórica eslava.
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Teoria Normanda
É a teoria segundo a qual os varegues (normandos) seriam os iniciadores do Estado da Rus' Kyiviana. A teoria foi elaborada, na segunda metade do século 18, por Gottlieb Ziegfried Bayer [1694 - 1738, historiador alemão e formulador da Teoria Normanda], Gerard Friedrich Müller (1705 - 1783, historiador russo), August Ludwig Schlözer (1735 - 1809, filólogo e historiador alemão), e outros.
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Os anti-normandistas
Os principais opositores da "Teoria Normanda", foram:
M. V. Lomonossov,
D. I. Ilovais'ki [1832 - 1920, historiador russo],
S. A. Hedeonov [1815 - 1878, historiador russo].
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Bironovshchina Regime reacionário, nos anos 1730 - 1740, instaurado por Biron, durante o governo da Imperatriz Anna Ivanovna. O período foi bastante agitado e obscuro. Invasão do país pelos estrangeiros, saque do patrimônio público, desconfiança coletiva generalizda, espionagem, delação e denúncia, violenta perseguição aos descontentes. Conde Ernst Yohan Biron (1690 - 1772) Conde curlandês (1737), e favorito da Imperatriz Anna Ivanovna que, com a permissão desta, instaurou o regime reacionário, que leva o seu nome, na Rússia. Com a revolta palaciana em 1740, Biron foi aprisionado e extraditado. Porém, caindo na graça do Imperador Pedro III, o Conde Ernst Yohan Biron foi perdoado e pode retornar para St. Petersburg. Curlândia Região da Lletônia, entre o mar Báltico e o rio Dvina. Durante o século 13, a região foi conquistada pelos Cavaleiros do Gládio, que submeteram as tribos lívica e cures. Em 1561, a região já sob a suserania da Polônia foi elevada a ducado hereditário a favor de G. Kettler. Em 1737, com a extinsão da família Kettler, o ducado foi entregue por Anna Ivanovna a Ernst Yohan Biron. Em 1795, a região foi anexada à Rússia. Condessa Anna Ivanovna (1693 - 1740) Subrinha de Pedro I, foi condessa (1710) da Curzeme (até 1917, nome da Kurland, Curlândia) e Imperatriz da Rússia (1730). Foi conduzida ao trono da Rússia pelo Conselho Superior Secreto. De fgato, quem governava o país era o Conde Ernst Yohan Biron. Conselho Superior Secreto (Verkhovnyi Tainyi Soviet) Instituição Superior de Conselho de Estado, vigente na Rússia de 1726 a 1730, composto de 7/8 membros, criado pela Caterina I, como orgão estatal de consultoria. A sua função precípua era de restringir os poderes absolutos. A Imperatriz Anna Ivanovna acabou por dissolver este Conselho. |
Historiador russo, homem de estado. No período 1741 - 1745 foi governador de Astrakhan (parte da costa do mar Cáspio). Escreveu tratados de etnografia, história, geografia. Sua obra importante "Istoria Rosiys'kkaia z samikh drevneishykh vremen" (História Russa Desde os Tempos Mais Remotos).
Boris A. Rybakov (1908 - ?)
Arqueólogo e historiador soviético (russo). Acadêmico da Academia de Ciências da URSS e membro do Partido Comunista (a partir de 1951). Estudioso das culturas eslavas e da Rus' antiga.
Oleg N. Trubachev (1930 - ?)
Linguista soviético (russo). Membro corresponde da Academia de Ciências da URSS (1972) e membro do Partido Comunista (1974). Estudioso da etimologia das linguas eslavas e da onomástica eslava-oriental.
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