segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

In Memoriam

Tradução de Mykola Szoma
(Shchoma Mykola Opanasovych)

Do livro
"Em Memória das Vítimas
das Repressões Políticas
do Período Soviético"

Poema de Nikolai Marchuk
Membro da Associação de Udmurtsk
das vítimas das repressões políticas.
Izhevsk, Rússia (Sibéria Oriental).

I

Pela eternidade a semente brotará
-- rompendo a lápide fria da tumba,
espalhando os seus galhos floridos.
E, então, o coração responderá...

Gemem flautas, choram salgueiros
em lágrimas sucumbem os jardins,
arquivos cobrem-se empoeirados --
apagam-s os passos. -- Por que?..

Infelizmente, as coisas acontecem,
enquanto, silenciando, o povo sofre.
-- Um vivo, a outro vivo, cova entalha;
depois, mete-lhe a bala. Amortalha!

Não reconhecem ideais de outrem!
-- Alma dos outros é tão estranha...
Por terras, glórias mil se diluiram --
fontes do saber e livros destruiram.

Esvairam-se em sangue... Nossos
espaços, não medidos, borrifaram!
Memórias apenas e, tão somente,
nos deixaram. Estas não mataram!

O mundo branco continua sua vida.
Com toda nossa força, preservado!
E, caso possa uma oração a quem
se dedicar, a bétula será lembrada.

II

Eram milhões, durante os dias e durante as noites;
passado um ano, não os terá contado todos. Tantos!
Em terra úmida, seus gritos se contorcem doidos --
justiça clamam, aos que ficaram. Em vão tombaram?

Do estéril e baldio gulag, ouviram-se os gritos inúteis
-- distantes, perdidos... Movendo-se a passos traidos.
Pesadelo de um sonho que, qual uma estrela caida,
dos céus os horizontes -- os seus extremos singrou!..

Das minas de carvão dos Urais, das terras de Comi,
as vozes nos chegam, pedindo a nossa atenção!..
Não consigo afinar os ouvidos ao tom. Será nominal
ou será de bemóis, sustenidos?.. Haverá diapasão?

Mas, também eu já fui perseguido. Pueril, já sofri...
Conheci o inferno da morte -- pilhas de defuntos eu vi!
Meus parentes, vizinhos e muitos, que mais adorava,
por entre os escombros humanos, perdidos senti.

12/08/2008

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