quarta-feira, 13 de maio de 2009

Haidamaky --- Hupalivshchyna

Taras H. Shevchenko

Tradução de Mykola Szoma
(Shchoma Mykola Opanasovych)

Sol nascente; Ucrânia ---
ardia em chamas lentamente e,
a shliakhta trancafiada,
em seus aposentos, desfalecia.

Por todos os vilarejos, enforcamentos;
Corpos pindurados ---
dos magnatas; os comuns da shliakhta
eram todos amontoados.
Pelas ruas, nas encruzilhadas
cães e corvos vorazes
deliciavam-se a contento,
bicando os olhos da shliakhta.
Ninguém proibia nada...
Nem havia para quem ficassem
os cães e as crianças; ---
As mulheres, com os seus cavalos,
se aliaram aos haidamaky.

Assim era o desmando
por toda a Ucrânia!

Mais terrível que o inferno... E, por que?
Por que o povo sofre?
Tal pai, serão assim os filhos, ---
viver apenas e fraternizar-se...
Mas não, não souberam, não quiseram;
era preciso separar-se!
Era preciso ver sangue, sangue de irmãos;
a inveja não permitia que, na sua despensa,
proventos houvesse e, nos seus jardins,
a alegria bailasse a contento! Oh! ... não!..
"Mataremos a nosso irmão!
Queimaremos a sua choupana!" ---
Disseram, e assim o fizeram.
Parece tudo ser um castigo
--- órfãos restaram. E só!..
Cresceram chorando. Adultos se tornaram;
mãos calejadas suas ficaram --- sangue
pelo sangue. Assim se vingaram!
O coração se contrai dolorido,
ao recordar o passado partido:
dos eslavos antigos, os filhos,
o gosto de sangue respiram.
De quem foi a culpa? Não há?
--- Na certa que são
os ksendzy, os jesuitas.

Trafegavam os haidamaky
pelas florestas, pelos bosques.
Eram seguidos pelo Halaida
com as lágrimas nos olhos.
Já passaram a Voronivka,
a Verbivka e adentraram em Olshava.
"Não será de bom alvitre perguntar
se a Oksana ainda existe? Não!
Não farei esta pergunta nunca
para que jamais descubram
por quem tanto o meu ser padece".
A Olshava já ficou distante agora.
A pergunta se refez, de novo:
"É verdade que o tytar foi batido?"
"Sim, meu senhorio. Meu pai disse
que ele foi queimado pelos lyakhy
e a sua filha foi por eles capturada.
Ontem mesmo, o tytar foi sepultado."

Nem todo ouvidos... "Leve, o cavalo ruço!"
E jogou as rédeas.
"Por que ontem, enquanto eu não sabia,
não deixei a vida!..
Porém hoje, mesmo morto,
levantar-me-ei da tumba
para castigar os lyakhy. Coração meu!
Oksana! Oksana!
Onde estás agora?"
Calou-se, ficou triste,
seguiu sem urgência.
Pobre-diabo oprimido ---
não pode vencer o enfado.
Alcançou os seus, quando
já deixavam para trás
o vilarejo de Borovykiv.
Korchma queima com suas adegas,
nem sinal de Leiba --- como se sumisse.
Um sorriso de Yarema
--- triste e cansado. Recordou:
"Foi aqui, foi ante-ontem ---
me verguei perante o Leiba.
Hoje, é diferente..." A tristeza
tomou o peito. Por que tanta desventura!

Os haidamaky sobre os barrancos
--- por entre os desfiladerios,
da estrada se desviaram.
Juntaram-se ao menino-homem,
que no caminho encontraram
--- vestido em trapos,
calçando alpargatas;
sobre os ombros, uma sacola.

Se apresentaram.

"Olá! Velho mendigo! Espere, um pouco!"
"Não sou um velho, meu Senhorio!
Como estais vendo, eu sou um haidamaka".
"Mas, como estrambótico és tu!"
"De onde és?"
"Sou de Kyrylivka".
"Conheces tu a Budyshch?
e o lago junto ao local?"
"Conheço o lago, ali;
beirando o despenhadeiro, chegareis lá".
"Tens visto hoje alguns lyakhy?"
"Não vi nenhum, em parte alguma;
mas, ontem havia muitos.
As coroas não puderam ser benzidas:
os lyakhy malditos não permitiram.
Por isso eles foram massacrados
--- eu e o meu pai o fizemos,
com o tarani bento;
A mamãe está doente;
senão, ela também tomaria parte".
"Muito bem, menino.
Tome este ducado...
Seja ele de muita valia".
Tomou o ouro, olhou...
"Agradecido fico!"

"Agora rapaziada, a caminho!
Ouvido atento? Sem conversa.
Siga-me, Halaida!
Neste vale há um lago ---
junto ao bosque, no sopé da montanha.
No bosque, há um tesouro!..
Ao chegarmos lá, tudo sitiaremos.
Diga aos rapazes. Poderão estar
os porões sendo vigiados
por alguns nefastos miseráveis".
Chegaram ao local.
Sitiaram o bosque;
espreitaram --- ninguém havia...
"Que o diabo os carregue!
Que peras bonitas!
Derrubem aos montes!
Mais depressa! Mais depressa!
Assim! Assim, rapaziada!"

Os confederados pelo chão rolaram
--- peras todas podres. E, as outras,
derrubaram todas --- deram conta;
acharam os tesouros --- ficaram com tudo.
Revistaram da shliakhta os bolsos...
Levaram para Lysyanka, os cães inimigos
--- para castigos vindouros.

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ksendzy --- Na Polônia, era a designação dos padres católicos romanos
korchma --- Casa onde se vendia bebidas fortes
haidamaka --- É forma singular de haidamaky (que é plural)
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05/13/2009

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