sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Badaladas da Sé

(1975, ao passar pelos espaços da Praça da Sé)

Seis horas.
Os sinos
como antigamente
ainda tocam
suas "canões" plangentes.

Seis horas.
"Ave Maria"...
Ecoa o canto
pelos espaços da Sé.
Nos corações humanos
ressoa
uma saudade do passado
-- do cantochão,
a sublimação da fé!

Santa Maria!
Do amor eterno,
compadecei-vos dos contritos.
Dos corações aflitos
que no amor se machucaram.
Tenhais piedade...
Façais com que se recomponham
os que, no mísero estado,
angustiados fracassaram.
No amor se macularam --
até à morte se entregaram!

Tenhais piedade deles.
Eles se machucaram! Porém,
ainda, ao menos um pouco,
sonham...

Santa Maria!
Do amor falido.
Tenahis misericórdia
do coração traido...
Apiedai-vos da sua condição.
Infundi-lhe um novo ardor.
Fazei reflorescer-lhe n'alma
a ventura,
a calma e
a esperança de outro amor.

Santa Maria!
Mãe carinhosa!
Ouvi o canto meu
-- o meu pranto em forma de "oração".
Fazei descer
sobre os ombros dos aflitos
o manto de vossa perene srenidade.
Afastai a tempestade
dos abatidos pela dor.

No tanger dos sinos
das seis horas
eu vos suplico humlidemente
tranquilidade e paz à alma...
Apenasmente!

Aos desvalidos
aos combalidos
aos fracassados
e aos traidos
estendei a vossa mão...

No que me diz respeito
tão somente, que
não sou filho vosso
-- nem sou devoto,
agora e eternamente,
em nome dos combalidos,
tenho pedido...
Sinceramente!

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