quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Recordações

1980

Naquele dia
os olhos dela
os meus olhos fitaram.
Sem que o notasse
como que enfeitiçado
por ela
o meu ser todinho
estremeceu.
Badalejou...

Mas que ingrato
o fado meu
-- ela se foi.
Esvoaçou!..
Fiquei ali plantado
qual pedra
-- o sangue meu gelou.

Será assim a sorte,
entre os escombros da vida,
vivendo a morte?
Gemendo a a amargura de
quem enamorado queria --
tão somente, a vida sonhar?

Será assim a sorte
-- do pássaro azul a busca,
de quem se auto-ofusca
só para ao lado dela estar?
De quem nos sonhos
de uma estrofe
de um poema
o seu futuro quer moldar?
De quem no mundo espinhoso
mecanizado
e ingrato
um pouco de carinho,
mesmo apenas por instantes,
querendo desfrutar?..

Ela se foi.
Esvoaçou...
A sua imagem-miragem pálida ficou.
A dor no peito
a cada dia que passa
mais aumenta
essa minha desgraça!

Será o fado meu
recordar sempre
os olhos dela
fitando os olhos meus?

Esforços faço
para dela não mais lembrar
mas, a danada
-- nostálgica saudade,
os olhos dela nos olhos meus
feito um quadro de Tiziano
"Venus e Cupido",
"A primavera"
de Arnold Böcklin
na minha mente -- já confusa
indelevelmente,
vem pintar.

Naquele dia
os olhos dela
os olhos meus fitaram.
E, me marcaram!..

02/17/2010

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