1980
Naquele dia
os olhos dela
os meus olhos fitaram.
Sem que o notasse
como que enfeitiçado
por ela
o meu ser todinho
estremeceu.
Badalejou...
Mas que ingrato
o fado meu
-- ela se foi.
Esvoaçou!..
Fiquei ali plantado
qual pedra
-- o sangue meu gelou.
Será assim a sorte,
entre os escombros da vida,
vivendo a morte?
Gemendo a a amargura de
quem enamorado queria --
tão somente, a vida sonhar?
Será assim a sorte
-- do pássaro azul a busca,
de quem se auto-ofusca
só para ao lado dela estar?
De quem nos sonhos
de uma estrofe
de um poema
o seu futuro quer moldar?
De quem no mundo espinhoso
mecanizado
e ingrato
um pouco de carinho,
mesmo apenas por instantes,
querendo desfrutar?..
Ela se foi.
Esvoaçou...
A sua imagem-miragem pálida ficou.
A dor no peito
a cada dia que passa
mais aumenta
essa minha desgraça!
Será o fado meu
recordar sempre
os olhos dela
fitando os olhos meus?
Esforços faço
para dela não mais lembrar
mas, a danada
-- nostálgica saudade,
os olhos dela nos olhos meus
feito um quadro de Tiziano
"Venus e Cupido",
"A primavera"
de Arnold Böcklin
na minha mente -- já confusa
indelevelmente,
vem pintar.
Naquele dia
os olhos dela
os olhos meus fitaram.
E, me marcaram!..
02/17/2010
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