segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

o retrado de um melodrama

Parti num veleiro
para terras estranhas.
A longes impérios
de rudes mistérios
-- levei-me por dado...

Cantar os meus feitos
grandiosos, perfeitos,
eu sonhara um dia. E
a hora, agora, chegara.
Parti resoluto! Sem tiara.

Meu barco veleiro
versatil, ligeiro,
conduz-me até lá...
Sem tiara, serei
apenas um simples
guerreiro da vida e o resto?
-- Eu sei lá? Só resta-me o
cantar: trá-lá-lá!!!
Tanto faz, aqui como lá.

De braços abertos
de olhares incertos
de sorrisos desertos
-- uma formosa mulata. Ali!..
Ela, já esperava por mim.

Desci do meu barco,
cai nos seus braços,
senti o meu sangue
borbulhando em mim!
Eu sei disto, porque
foi ela que me contou assim...
Disse ter-me visto num pires --
deixei que fosse assim.

Senti-me em seus braços
na espuma macia da vida,
vi o seu corpo flutuando --
parecia ela estar nadando
espremendo-se no meu e
juntos voamos ao léu...

Delícia, brandura
candura se apossa de nós.
Eu canto meus cantos sonhados
no barco veleiro, coratando as águas...
-- Avisto um mastro ao longe boiando!

Na terra distante
de longes impérios
serei cidadão.
De rudes mistérios
cantarei vitupérios.
Sonharei vampiros
abrindo maçudos papiros
em busca de si ---
em qualquer canto da solidão.

Acessos medonhos
abalarão os meus sonhos. E
assim cantarei
os meus feitos desfeitos,
queridos grandiosos,
queridos perfeitos,
repletos de sonhos e
quase todos desfeitos
num pires de porcelana
--- aqueles usados pela cigana.

Para sempre viverei
nos braços mulatos
com olhares incertos
por trás de sorrisos desertos!..
Mas sorrisos do reino do amor!

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