segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Da Miréia de Mistral

Inspirado nos cantos de Miréia de Mistral,
eu faço do seu poema a minha sua melopéia.
De amor repleta, de heróicos feitos cravejada
-- qual espada de São Jorge reluzente,
no peito, de dragão gigante, traspassada --
tinindo, cantando o ato bandeirante,
domando o vasto continente!..

Soai trombetas,
rufai tambores!..
Tamborilai...

Que a hora já chegou;
deponde vossas armas
do grande cacique
-- o vasto império já findou!..

Soai trombetas!
Gemei lamentos,
ao som de atabaques...

A última festa celebrai!
Vossas mulherees sedutoras,
vossas amantes tentadoras
de vossos leitos despojai!..

Soai trombetas!
Dançai ao sol poente,
ao som de maracás e de borés.

Vossos guerreiros enterrai!
Vossos filhos e vossas filhas,
ao invasor de longe vindo,
em oferenda resignados entregai!..

Sob o tênue manto invisível,
luziformes estrelas luzentes,
reluzem no espaço o seu brilho fugaz.

Magali, a donzela do canto terceiro,
fazendo-se flor por instantes
-- de olor relaxante,
nuvem espessa vagante,
encobria os límpidos céus e,
a lua boiando, por entre as núvens,
qual nave perdia-se entre os raios
cortando os espaços
vencia distâncias e,
aves voando plainavam nos ares,
bailando ao léu e,
os peixes tomavam seu banho
nas águas do mar...

Águas límpidas e cristalinas
espraiando-se deslisavam pelo chão.

E, Magali
qual eco ressoante e fugidio
em vão furtava-se ao amor.

Vicente, o seu amado
-- o seu eterno namorado,
seria seu cá, nesta terra
ou
na do além...

Assim, em vão cantais --
filhos da selva!..

Em vão bradais
aos deuses do nascente.

A terra que já vossa fora,
que dela um dia fizestes
a grande nação guarani e,
nela cantastes belezas,
nas noites serenas --
sonhando amores
no grande idioma tupi.

Como água, por entre os dedos,
de vossas mãos, ora se escoa e,
como o vento a terra voará e,
baterá nas faces rubras do invasor
para ser dele e dele ela será!

O bandeirante viril e corajoso; então,
por mil anos ininterruptos a domará!

10/13/2008

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