sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Saudades eu tenho

Saudades eu sinto
dos tempos idos --
quando a aurora,
ao sol da manhã,
dos céus não nublados,
os horizontes cobria.

A tênue névoa,
à tardinha sombria
-- qual manto gigante,
em brisa ardente,
os seus braços abertos,
por sobre a terra exausta
e já sonolenta,
em sono profundo
e tranquilo envolvia!..

Saudades eu tenho
dos idos de outrora.

Quando o cão do vizinho
-- feroz e bravio,
por traz de uma cerca
ladrava raivoso e,
o gato irado ralhava --
de sono rosnava,
qual onça, no mato distante,
pulava e fugia...

Saudades eu tenho
do mundo de antanho.
Que era menor em tamanho.

Que era maior em distância
e, de sonhos felizes
-- risonhos e nutrizes,
muitas vezes bisonhos,
povoava a mente da gente
e a minha infância
que era feliz e candente!..

Saudades eu tenho
dos bancos da igreja.
Não eram macios
porém, cheios de graça.

Os anjos cantavam
nos sinos vibrantes
e, dos bronzes plangentes,
se ouviam encantos tangentes!

De veu e grinalda
a noiva sorrindo chorava
-- a sua mãezinha velhinha
com mãos, em forma de prece,
bênçãos pedia -- e silente orava.

Saudades eu tenho
dos idos passados.

Da história da bruxa
que a avó me contava.
O vovô de sorriso sisudo
dizia com voz de prudente
-- meu neto,
um dia serás como eu!..

O mundo que agora
de mim se afugenta,
será por ti relembrado
como um sonho passado.

Serás tu, então --
Ó, meu neto!..
Um protagonista
de algo novo. Talvez,
de um mundo melhor
do que este de agora
-- o qual eu terei deixado.

Tenho saudades dos idos...
Quando a aurora, ao sol das manhãs,
dos céus os horizontes distantes cobria.

10/03/2008

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