terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Os meus cotidianos afazeres

Cabe a mim proemiar os meus afazeres,
como resposta sensível -- solícitos impactos,
do cotidiano labutar na estrada da existência.

Depois, de arregaçadas as mangas, jorrar
suor latente em minhas veias, pelos porosos
interstícios, da pele esticada pelo cansaço...

Extravasar até o fim. Até não mais seja possível
fluirem as gotas refrescantes pelo corpo irado...
Não mais podendo refazer as coisas já desfeitas.

Apenas, deixar assim!.. Mais ou menos, sem fim.
A presença marcante -- nos termos do necessário,
estender as mãos para cima -- ou ser hilariante!..

Para mim, os meus atos são nucleares e vitais,
na medida que entrosem em mim os meus ideais.
Podendo até serem bem comuns e, até triviais!..

Resumindo, diria assim: São fatores ponderáveis,
do cotidiano sabido, dos meus atos -- afazeres
que, sendo-me reais, só trazem-me prazeres!..

01/27/2009

Visão apocalíptica

Manchas de desertificação.
Pisoteio de gado.
Queimadas.

Areia matado as pastagens.
São todos covardes!
Abutres irracionais!..

Destroem a si mesmos.
Caminham para a morte.
Navegam a devastação vegetal.

É o fim!..

01/27/2009

No vórtice do progresso

De solidão soturna fantasiados,
milhões de homens robotizados
perambulam pelas calçadas.
Sós... Despersonalizados!

A máquina se ri, de si por si,
no ranger enferrujado das engrenajens.
Está tudo desolado. Ou, quase tudo...

Queimadas foram as últimas pastagens.
No crepitar das folhas secas
ressoa um cântico saudoso
dos tempos em que a lua
ainda sentia-se amada,
o sol ainda era um astro febril
e, nas tardes de verão, resplandecia.

Hoje, tudo é tão diferente!

No vórtice do progresso
sustem-se só quem pode equilibrar-sejavascript:void(0)
qual trapezista de um circo decadente.

Milhões de homens robotizados
se esboroam na vertigem do vai-e-vem.

01/27/2009

De ópera bufa não sou

Recluso em mim mesmo,
procuro achar-me...

De ópera bufa
alguém já me disse
eu ser um ator.

Mas, como?

Eu sou um pacato!
Não bebo.
Não fumo.

Eu sigo o meu rumo afora
-- alegre, embora nem sempre,
ao meu chafariz...

Por vezes, vejo crescer o meu nariz...

Até, posso ser um palhaço.
De cara pintada,
nariz embolado,
de calças rasgadas,
de camisa sem mangas
e, sem sapatos, nos pés.

Mas, dizer ser ator
de opereta qualquer?
-- Não dá!

Por que tantos, então,
falsa imagem de mim
fazem?

Não será
porque em sendo covardes,
nos outros projetem,
seus sonhos alardes?

Ou será
porque notam em mim
um manso cordeiro
ideal ao seu fim.
Um bonachão arlequim?

Recluso em mim mesmo
procuro achar-me.
Na verdade, quero entender
o porquê de eu ser assim?

01/27/2009

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sucumbiu da morte a grei

I

Do Santo Sepulcro,
guardiães sejamos!
Guardemos a quem matamos.

Perigo de afronta,
constante Ele é.
Morte ao arauto da fé!

"Sejamos unidos,
em torno da Cruz!".
Eis o brado que a todos seduz.

A nós, os soldados
do status vigente,
cabe mantê-lo impotente.

Sepulcro lacrado
nos dá segurança.
Golpe final na esperança.

II

E todos se uniram.
-- Soldados e rei...
Mantida da morte a grei.

III

Mas eis que o fracasso
total se apresenta:
a morte e o mal se arrebenta.

Da tumba ressurge,
em glória e esplendor,
o Cristo invencível. O Senhor!

IV

Do Santo Sepulcro
guardiães sucumbiram...
Estupefatos, todos ruiram!

01/26/2009

Quase perdi-me

Profundas grutas -- mui tenebrosas,
de José Régio, o poeta, eu visitei...
Confesso franco, quase perdi-me!
Por pouco, pouco, não me achei.

Dos seus assombros senti o impacto.
Na noite fria e já inerte, imergi...
De um passado, embrenhado nas selvas,
mistérios mil, lividamente, conheci.

Então, sufoquei as minhas dores.
Na lua dos sonhos meus, me projetei!

Tentei analisar as refletidas imagens.
Não consegui... Porém, compreendi:
em sendo assim a lei, reflexo seu
será a vida. Da norma, a refletida!..

01/26/2009

domingo, 25 de janeiro de 2009

A grande despedida

Rompe a aurora da madrugada os horizontes.
O alvorecer de um novo dia se alevanta...
Resplandece o sol os raios seus luzentes,
enquanto a natureza toda vibra e canta...

Enquanto os céus de azul-cetim espargem a claridade;
por sobre as vagas ondulantes fótons de luz pululam.
As águas turvas das pororocas, qual tempestade,
se agigantam e se agitam. Doidamente confabulam!..

O universo se esparrama, contorcendo-se sobre si mesmo.
No intuito como querendo explodir, em glória implode...
Talvez querendo despedir-se da noitada triste. E parte...

Parte chorando. Chorando de saudade, orvalho derramando.
Pelas colinas, pelos vales e pelas montanhas, num frenesi,
vai galopando acelerado. Irá viver saudades em outra parte...

01/25/2009

O bardo dos cantos de iara

A natureza toda exultante
se contorcia de alegria...
É que naquele mesmo instante
a flor mais bela já nascia.

Os céus sorriam de cotentes.
Estrondejavam os trovões...
E as estrelas luzi-reluzentes,
o feito espargiam pelos sertões.

Cantavam ninfas seus acalantos
nas madrugadas da primavera...

Enquanto a dor e os desalentos
roiam n'alma tristes momentos
do velho bardo dos cantos de iara
-- cantando seus versos relentos.

01/25/2009

De um epitáfio

'Amai-vos uns aos outros e,
à Natureza, também...'
São palavras de um sábio
-- Albert Schweitzer (+)
era o seu nome. Com ele
digamos, nós todos, amém!

01/25/2009

Que saudades da Bahia!

Na Bahia tem coqueiro,
tem cacau, tem caroá.
Tem a tribo de escoteiros
-- daqueles de irá-já:

mais vencendo a própria morte
pela senha de grão-mal, que
morrendo de paúra
do idiofônico orixá.

Não permita Deus que eu fique
tão distante das baianas
que não coma coco e vatapá.
Sem que reveja ainda
o nígero colo da mulata
-- a linda e meiga iaiá...

Não permita-me a sorte,
no exílio, a minha morte!
Quero ver embasbacado
o sucesso dos baianos
conquistando o prêmio
-- Oscar do cinema...
Pode ser, um sulamericano.

Não permita Deus e nem a sorte
sem que eu volte para a Bahia --
Quero dar meu último suspiro
junto aos pés de nhá Maria!

Ah!
Que saudades da Bahia!

01/25/2009

sábado, 24 de janeiro de 2009

Nóis vai a meiorá

Uai!
Ne quê que dá certo
nóis vai embarcá no conluio
e faiz virá a nossa sorte
-- pra nóis a miorá
nosso destino na coorte.

É, compadre!
Nóis faiz virá em trovoada
da lua os raio reluzente e
faiz torná a chuva de preda
um arco-iris
-- a faixa candente.

Qué vê?
Nóis fumo Jeca num passado.
Hoje nóis somo assaiz valente!
Pois nóis transforma em fruto
as entranha do chão carente.

Ué!
Nóis planta mio e mandioca,
feijão, batata e cria animá...
Em troca, nóis qué tão somente
mais assossego pras nosso piá.

É isso aí!
Eu digo e arepito, enfatizando
-- nóis vai embarcá no conluio e
faiz virá a nossa sorte fraca
no alvorece de um novo dia.

Eu digo e arepito
pra quem quisé me escuitá
-- eia, gente!
Cuidado! Nóis não blefa...
Nóis vai se alevantá!

..raio!

01/24/2009

Quero domar o mundo

Quero domar a realidade!
Submetê-la aos caprichos meus,
nas estâncias de uma recriação.

Quero sentir a magnitude infinita
do cosmo flutuando nas minhas mãos;
e, no meu cérebro burbulhando
como se água fosse, em ebulição.

Quero sentir o navegar dos astros
da via-láctea em expansão...

Dos astronautas, perdidos no espaço,
quero ouvir gemidos de desespero e,
das velozes naves, nas antenas hiperbólicas,
quero ver a reflexão dos raios -- trazendo:
imagens de longes eras, perdidas no tempo...

Outrora perdidas
-- agora desenterradas.

Quero sentir,
quero ouvir,
quero ver
do universo einsteniano a curva negativa
que sobre si se dobra e se desdobra --
pulsando qual coração gigante,
dilatando-se se dilatando
nos limites do infinito!

Quero na equação de um poema
retratar a emoção
do leitoso caminho
da via-láctea em evolução.

Quero domar a realidade!

Quero senti-la no seu processo inercial
da constante degradação,
continuamente se transformando
-- ora implodindo, ora explodindo,
em formas novas de auto-recriação.

Quero submetê-la aos meus caprichos
nos versos de um simples poema.
Ou, na forma melódica de uma canção!

Desvendar quero os segredos
da lei caótica das metamorfoses sasonais
do magma ígneo, em fervilhante ebulição,
no seu processo secular de translação.

Dos elementos básicos
-- da água, da terra e do ar,
atuação entrópica
eu quero aprisionar!

Quero, nas asas da imaginação,
sobrevoar os mundos inexplorados
da apocalíptica visão.

Quero, montado num cavalo branco ou baio,
viajar pelas galáxias do universo
extenuante em extinção.

Quero cantar
do universal esotérico canto
a sonolenta melodia da solidão!

01/24/2009

No mar da existência

Cosendo velas,
da nau-destino avariada,
pelas tormentas da vivência,
eu passo os dias meus...

Com palomar
torcido de fios-de-esperança,
eu coso o pano
da vela desfraldada
e que atrita a minha nave
-- presa ao mastro da retranca.

Pelo bravio mar,
da tênue existência,
veleja o barco meu
rumo ao destino do além,
em busca do nirvana.

Quero esquecer as mágoas
do revoltoso mar,
do mundo aqui,
da terra de ninguém.

Do barco meu,
de um mastro só,
eu sou o timoneiro.

Cosendo velas,
mantenho a forma, e
o destino do meu veleiro!

01/24/2009

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A justiça, por fim se fez

Das fúrias infernais, rangendo os dentes,
ouço o clamor de gentes minhas conhecidas
-- eram famosos por seus requintes de sabores.
Viviam opulentos. Desconheciam os menores!

Da lei senhores fortes, se diziam eles...
Desconheciam da justiça os princípios
-- em seu favor, todos os outros existiam.
Sua palavra era ordem! Em si se compraziam.

Mas, como todos os momentos são passageiros
e têm seu fim prescrito; o deles aportou...
E, ao findar a longa e opulenta caminhada,
cada qual deles, frente à justiça se prostrou!..

Os atos seus foram pesados pela balança
-- inconsistentes e sem peso se mostraram.
Quanto menos um tal dilema eles imaginavam,
mais fracos seus recursos térreos se mostravam.

Do grande juri cósmico, então, ouviu-se
a decisão final! Foi a sentença proferida:
"quem pela balança não passasse, devido a leveza,
jogado teria de ser à dos infernos profundeza...

Ao tribunal de outra instância, oh! -- apelação não há!.
Quem foi, pela instância prima condenado, jamais e
nunca mais, seria indultado. Para sempre e sempre
em fogo árduo de 'esquecimento' seria execrado.

Assim findou a opulenta e torpe caminhada
dos que senhores do universo se sentiam;
mas que plantaram, ao longo da existência sua,
prantos e lágrimas dos que lhes se submetiam.

Da terra as honrarias e seus requintes
valeram nada, na grande balança da justiça.
Todos foram condenados. Todos reclusos
em seus próprios cativeiros sucumbiram!..

Os cantos seus, de outrora, são prantos doloridos.
No ranger de dentes, procuram sufocar a sua dor
e, no clamor desesperado, buscam alívio ao pavor.
Na própria carne sentem o suor do desamor!..

Das fúrias infernais, rangendo os seus dentes,
ouço o clamor de gentes minhas conhecidas
-- eram famosos por seus requintes de sabores.
Viviam opulentos. Desconheciam os menores!

01/23/2009

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Um proceder orgânico capitulado

Todas as áreas produtivas
contenham procedimentos seus
de um treinamento prévio
de supervisão dos plebeus.

Manutenção dos status de chefia,
informações sistêmicas requer.
De rotação de pessoal,
padrões comportamentais
são exigidos, por demais.
-- Entradas e saidas,
serão cumpridas. Serão reais!..

Planejamento e controle
de tarefas a priori:
distribuição de frutos
com aposição de datas;
eventuais reformulações finais
terão procedimentos especiais.

Normas completas
contendo especificações,
antecedento
períodos de execução real,
darão sucesso ao histograma
-- ao longo de um cronograma.
Sem comentários quaisquer!
Sem sugestões. -- Atos e ações!

Os envolvidos na massa de informações
darão por terminado o processo
da observância e da vigilância...
São os formatos de instruções.

Em formulários padronizados
em sacos plásticos aconchegados
por grupos de atividades de rotinas
-- as instruções padronizadas
serão confrontadas e facilitadas...

Normas completas
contendo especificações
explicarão os histogramas
sem comentários,
sem sugestões...

Não se deve esquecer que,
ao final do processo,
fazer um registro das exceções.

01/22/2009

Alguns, somos nós

Polímeres -- seres humanos,
alguns dentre nós,
somos nós.

Restritos na forma.
Mesmo assim, polimorfos
-- sentimos,
pensamos,
agimos.

Cada qual, a seu modo,
os grandes impactos compactos
nos múltiplos mundos do eto-social.

Alguns, dentre nós,
precavidos sustentam:
se o ciclo rompermos,
do ebúleo vórtice natural,
transformaremos na terra,
o que se tem como globo,
numa esfera ígnea
-- perdidamente desértica,
pós-apocalíptica e infernal!

Já, muitos outros
-- não tanto apavorados,
porque não tão estruturados
vêm puramente o natural,
fluindo normalmente
segundo um fim intrínseco
da lei mecânica -- causal.

Do hercúleo embate destas correntes,
do pensamento e da ação, restam só
os escombros... Uma memória égide
do cumprimento, linha-a-linha,
do traçado da suática grega, ou
éforo-bramânica quiliástica,
rumo ao grande efum...

Polímeres seres humanos,
alguns dentre nós, somos nós.

Seremos assim,
pelo sempre eterno caminho,
da busca de nós
e do nosso futuro, ou
do futuro dos nossos avós!..

01/22/2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Ou é um poeta, ou é feliz

Ele é um poeta louco.
Cabelos longos
barba cerrada;
por entre os lábios,
da boca entreaberta,
dentes brilham
de cor marfim.

Gesticula muito,
fala bastante e
sorridente diz:
Sou filho das selvas.
Nas minhas veias
corre o sangue tupi;
conheço de cor
o canto dos bem-te-vi'.

Ele é um poeta louco.
Diz mais do que sabe.
E o que sabe, não diz.
Para ele versejar
é tão facil -- vejam só:
como soltar fumaça
pelos buracos do nariz!

Ele é um poeta louco.
Jorra seus cantos
qual um chafariz,
no largo da praça da matriz.
Ele sorri e gesticula,
porque é um poeta, ou
porque é um feliz?

01/21/2009

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Aos que se foram, sem terem nascido

De frágil feto não passaste!
Na escuridão tubária, oh!,
Tu, que tanto prometeste,
de modo inglório findaste...

Não conheceste tu, nem mágoas,
nem térreos plurdissabores...
Não navegaste pelas águas
de sulfuroso mar de faces áscuas.

Repousa, pois, eternamente
na tua ingênua solidão!..
Tiveste sorte mais que a gente.

Oh, não! Saudades não sentiste.
Da proto-cósmica mundivisão;
antes mesmo de nascer, fugiste.

01/20/2009

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Lições que aprendi

Hirsuto, tímido e cabisbaixo;
silente ouvi lições de muita gente.
Ainda infante e começava já
ser útil a todos, a todo instante...

Domingos, meses e anos se passavam.
Mais assimilava eu as preleções...
E mais queriam ensinar-me todos,
da vida os rabinos, as suas lições!..

Até que, um dia, eu ponderei -- pensei.
Da praxis na balança me postei. O que?
Oh! Quão grande foi minha a surpresa!..

Tão lívido e fragil era! -- Desmaiei.
Então compreendi, embora tarde, que
neste mundo, a sós se deve por à mesa.

Viver aos olhos de outros paladares
é cair na rede da sua (deles) esperteza.
Pois é... O mujndo é cheio de safadeza.

Um meu conselho

Um simplório conselho -- só,
a meus irmãos de rústica fé
-- fé de medo, fé de miséria
e, a cognatos, se os houver!

Dirijo-vos esta palavra amiga,
despretenciosa. Na boa fé...
Se é prudente?
Não saberia responder.

Só sei que a vida foi nos dada
para ser uma vida de viver...
-- Vamos vivê-la, nua e crua,
tal como ela se nos é.

Sem ralha e sem resmungos,
façamos a história avançar
no seu caminho futurista!..
-- Sem descansar.

Em algum ponto do espaço-tempo
a solução precisa e pertinente,
aos problemas, iremos encontrar.
Não duvidar. Só esperar!..

Ó!, meu irmão, ou meu cognato...
Não desistamos! Prossigamos!
Vivamos a vida de hoje. Ela será,
sem dúvida, uma história de amanhã.

01/16/2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Близький схід

Ракетні явища щоденні
-- бунтують спокій людині.
то хтож має терпіння таке,
аби не дати відповідь --
хоч будь-яку б на такеє
втручення друго-сторонне?

Сидіти тихенько, споміж
катюшиним звуком, не добре.
Та ж гірше дивитись байдуже
на розбиття свойого буття!..
-- Негайно відповідь дати,
для тих хто не має почуття...

Здобути державу, це мрія
народів землі. Таке є буття!
Але ж, будувати щось наше
на кістках другого народу
-- таке ж не думливе. Ніяк!
Не держава буде, а будяк...

14 січень 2009 р.