sábado, 28 de março de 2009

Ivan Pidkova

Ivan Pidkova
Dedicatória para V. I. Shternberg
1839 St. Petersburg

Tradução de Mykola Szoma
(Shchoma Mykola Opanasovych)

I

Acontecia antigamente --- na Ucrânia
artilharias de canhões troavam;
Antigamente --- os zaporozhtsi
sabiamente firme comandavam.
Comadavam conquistando
as liberdades e as glórias;
Passou tudo. Acabou-se ---
restaram apenas as tumbas.
Sepulturas espalhadas
pelos nossos campos,
dão repouso merecido
aos nossos cossacos.
Envoltos, em seda macia,
descansem honrados --
os seus túmulos altivos
serão sempre respeitados.
Confabulem com os ventos
em tons de pilhéria...
Saibam eles que a glória --
a dos nossos pais-avós,
só deixou-nos plena vitória!
Netos seus nós somos:
aprendemos a segar orvalho.

Acontecia antigamente --- na Ucrânia
a plena desgraça bailava;
A tristeza entabernada com a vodka
sempre rebelde andava...
Acontecia antigamente --- a vida era boa
naquela Ucrânia, que deixou
apenas só lembranças!
Que não sejam pois, lembranças à toa.

II

Negras nuvens sobre a Lyman
--- o sol eclipsou-se,
o mar azulado como fera,
ora geme, ora uiva ---
afogando do Dnipro a foz.
"Vamos, vamos Rapaziada!
Aos baidaky! O mar se revolta
--- passear iremos.
Para onde, pouco importa!.."

Despejaram-se os kozaky,
as corvetas cobriram os rio.
"Encapele-se... Ó, mar revolto!"
--- canções ecoaram e,
as ondas, vagas levantaram.
Ondas grandes, como montes:
nada se avista --- nem dos céus,
e nem da terra, tem-se alguma pista.
Coração apavorado é o que deseja --
do cossaco a alma vive de surpresa.
O comboio continua navegando,
os kozaky alegres riem cantando
--- ao longe, gaivotas voando...

Otomano à frente
conduzindo, a esquadra,
para onde ele só sabe...
Passos largos --- caminhando,
ao longo da nave.
O cachimbo seu se apaga;
ele olha para os lados ---
pensando: onde mais há inimigos?
Torceu os bigodes negros,
ajeitou topete, por trás das orelhas,
levantou o chapeu seu --- navios pararam.

"Que o inimigo morra!
Não será em Sinop turca, otomanos
--- honrados senhores;
será em Tsarhrad. Ao sultão
faremos a nossa visita!"
"Concordamos, nosso pai otomano!" ---
Ecoou o grito.
"Grato fico a todos!" ---
Chapeu colocou sobre a cabeça.
O inferno inflamou-se e
o mar azul, cortando as naves,
novamente agitou-se.
Otomano-chefe, vendo as vagas,
ao silêncio entregou-se.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Ivan Pidkova
--- Cossaco de Zaporozhzhya, dos anos 70, do séc. XVI.
Por um breve período, Pidkova havia tomado o poder político da Moldova que, na época, encontrava-se sob as condições de vassalato da Turquia.
Foi preso pelos poloneses e executado por ordem do rei Stefano Batoriya
V.I. Shternberg (Vasilij Ivanovich Shternberg, 1818 - 1845) --- Amigo pessoal de Taras Shevchenko.
Habitavam um mesmo quarto de pensão, por ocasiaão dos estudos artísticos, em St. Petersburg
Sinop --- Fortaleza turca, na costa sul do Mar Negro. Importante porto de mar.
Tsarhrad --- Nome antigo de Constantinópolis, a primeira capital do Império Romano Oriental (até 395 d.C.), dpois, passou a ser capital do Império Bizantino (até 1453 d.C.). Com a tomada da cidade pelos otomanos, passou a se chamar de Istambul (1453 - 1918). Hoje, é a maior cidade da Turquia.
Lyman Vermelha [No poema, apenas "Lyman" = Krasny Lyman (Lyman Vermelha)] -- Cidade fundada em 1667 pelos cossacos do regimento de Izyum. Até 1925 era chamada de Lyman; depois, foi renomeada para Krasny Lyman.
Otomano (Hetman) --- O comandante dos kozaky
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

03/28/2009

Nenhum comentário: