quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Análise de um perfumado

Idiota perfumado
é menos inteligente
que o perfume que usa.

A prova está no perfume usado --
quanto mais forte e nauseabundo,
mais indica que o usuário é insosso
-- de baixo do perfumado
só um cesto de ossos
cheio de carboidratos,
já digeridos e incorporados...

Idiotizar-se é o seu campo ideal.
Não ter posição, para não se opor
-- a vida "lógica" é não polemizar!
"Viver" sugando as "idéias" de outrem,
caso as venha captar... E só "caminhar".
Na verdade, arrastando-se na maionese
de salada de outras verduras, misturada
com sais ao vinagre, pimenta, mostarda
e alguns ovos batidos. ... de codorna ou
de galinha, de preferência, sortidos...

No cotidiano,
o ato normal idiotiano
é imitar um avestruz: é
meter a cabeça perfumada
num incolorido capuz...

12/24/2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Eu sou -- Poema 1

Poema 1
Nélia dos Santos Szoma

Eu sou o que ninguém vê

Eu sou a nuvem
que voa pelos espaços azuis do ceu;
eu sou o barco
que navega pelas ondas do mar afora,
levando corações apaixonados.

Eu sou a folha caida
que tombou pelas ruas em busca de você...

Também, sou como uma estrela
que brilha com a luz das noites frias,
iluminando as cachoeiras que cortam as rochas
dos íngremes escarpados da vida
pelos quais passa você...

Às vezes, sou vento
que levanta as ondas dos mares
para molhar as beiradas da terra
para que ela produza as flores --
que desabrochem nos ondulados caminhos
pelos quais passa você!..

Eu sou tudo isso;
porém, quase ninguém me vê.
Nem mesmo você!

12/23/2009

Eu sou -- Poema 1

Poema 1
Nélia dos Santos Szoma

Eu sou o que ninguém vê

Eu sou a nuvem
que voa pelos espaços azuis do ceu;
eu sou o barco
que navega pelas ondas do mar afora,
levando corações apaixonados.

Eu sou a folha caida
que tombou pelas ruas em busca de você...

Também, sou como uma estrela
que brilha com a luz das noites frias,
iluminando as cachoeiras que cortam as rochas
dos íngremes escarpados da vida
pelos quais passa você...

Às vezes, sou vento
que levanta as ondas dos mares
para molhar as beiradas da terra
para que ela produza as flores --
que desabrochem nos ondulados caminhos
pelos quais passa você!..

Eu sou tudo isso;
porém, quase ninguém me vê.
Nem mesmo você!

12/23/2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Ao telefone

Ao telefone
De "Antigos Poemas" de
Piterka Badmaieva Olga
Tradução do russo por Mykola Szoma

... Eu voltarei e telefonarei para você,
não sinta saudades minhas!
Sintamos, como se fosse um beijo, a sua voz ao telefone
aqui comigo, eu grito -- Não parta!
Desabafando, rio em voz alta
como um gracejo da despedida...

Mas, a separação será breve,
apenas por três dias e,
eu já sinto o medo da espera
de saudades suas
-- assim, doridamente,
a alma congelar!

Minhas amigas de quatro patas
literalmente, tudo entenderam e me acariciam
até a Bacya, que é feroz e desajeitada,
não sei porque, não está me censurando.

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Dirijo-me à varanda,
mergulhando-me na escuridão,
lanço o meu ohar sobre a cidade da meia noite
e lanço, de novo, meus pensamento para você.
Eu sei que tudo, entre nós, está precariamente.
----------------------------------------------------------------------

Grosseto de Toscana

Aversão ao fascismo arrogante
invade as estradas de Grosseto.
O poder absoluto mata as liberdades,
o indivíduo e a sua solúvel solidão.

Conspiradores que não conspiram:
amigos do subversivo Mariani.
Em pensamentos solitários e confusos
combatem aos filo-fascistas de Toscana.
Mas a sua luta não é com armas.
É, na ausência delas que conta o seu poder.
É o desvio de um homem do rebanho
que fará cair por terra todo o mal!
Sem ter paixão de mártir,
num grupo social mutante,
o melhor é estar calado.
O melhor é mesmo estar calado
entre os companheiros da solidão!
Que narre a história os devaneios
do poderoso contra os indefesos!..
Na arte do silêncio de uma folha
imprimirei os escassos fatos... Ó!
Os fatos de Grosseto de Toscana!

Fugir o deformado corpo de crianças,
porque a paz não há de rsidir nos seres vivos?
A esperança é um fruto
que apodrece em nossas mãos!

Na solidão de Mariani
na distante Grosseto
nasce um cântico de dor e de libertação...
Nos escritos de Alessandro Manzoni.
--- Não leia quem não puder!
Digo sim e, digo não.
E ouça, quem quiser...

Na dança dos blocos ginga do mundo,
no divórcio das falhas geológicas
não se esconde a verdade nua e crua
aos meninos vagabundos da nossa rua!

Aversão ao fascismo arrogante
invade as estradas de Grosseto.
Tenho lido algo assim
em algum lugar. E este poemeto
que seja apenas um simples torpedo
da expressão da verdade de Grosseto.
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Alessandro Francesco Tommaso Manzoni (1785-1873)
Scrittore e poeta italiano.

12/18/2009

Por que demônios?

Na minha ocre solidão de ex-campônio,
que ex não fora de natureza ,
eu tenho a alma simples de um roceiro...

Mora saudade traiçoeira
ardendo qual braseiro
meu peito adentro
que me inflama e me machuca o coração!
Por que demônios?

Por que padece um campônio tanto?
Por que mais sente que os demais?..

Da vida os reveses mais o afetam
será porque tem o coração mais puro
ou porque tem a alma mais ardente
que a mais ardente alma dentre os mortais?

Por que a saudade de um campônio
é mais saudade?.. Mesmo que ex não fora
de natureza, a sua alma camponesa?
Será porque a saudade sua
é uma saudade mais saudade que a saudade
dos saudosistas, que é a mais saudosa dentre
os mortais? -- Não estou pensando demais!..

12/18/2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O recordar dos anos 30 de 1900

Naqueles dias sombrios não se notava a fome.
Pois, era tão presente ela, que o não comer era o normal!
Nem a barriga mais roncava, acostumada que estava
ao "eterno" vazio das tripas.
-- E reclamar para quem e por que? A fome era o normal...
O demais, não passava dos descuidos -- o "sophistiquer!"
de "La Révolution française" -- "à chaque étape"... na terra
dos russos mujique. Derruba-se o reino, em nome de que?

E por que? -- Não responda... Não quero saber!
Qual foi o motivo de tantas desgraças,
na terras dos homens que mais pareciam escravos...
Perderam seus sonhos e seus dias, sem se notarem --
todos passaram, à história, como herdeiros de bravos!..

Cada ser humano,
sentindo-se um desumano,
via no seu semelhante
restos de uma civilização ruindo.
Em cada semblante
reflexo de um rosto disforme
marcado pelo excesso de ossatura
geometricamente irregular
-- apenas cadavérica se via, sem respirar.

Cada corpo que se deslocava,
pelos corredores estreitos da vida,
parecia ser um arcabouço desajeitado
de silos corroidos, dos velhos asilos,
em processo de uma lenta destruição.

Não se houvia prantos... Não os havia.
O chorar não adiantava nem importava
-- a ninguém interessava.
Eram os mujiques russos. E bastava!..
Os sentimentos se desfizeram como fumaça.
O homem rude (que um dia era) perambulava
pelas esquinas da desfeita. Procurava algo --
não achava. "Morte" o buscado se chamava!

Das dez pragas do Egito
a primeira, no cavalo amarelo do quarto selo,
então vingava. E, o cavaleiro do cavalo negro
bestamente cavalgava: como foice e martelo,
firmes na mão, a todos ceifava. E cavalgava!
A fome que era fome de verdade, a todos os
espíritos e a todos os sopros vitais domava!
E todos choravam,
apenas a fome não chorava,
porque não tinha lágrimas --
porque não sentia e não via!
Ela não via, o que se dizia...

Dizia-se à boca pequena --
e todos, pequenos e grandes,
sem terem visto o selo da besta
sentiam sobre os seu ombros
uma ira divina,
mas não os ocidentais -
"a ira dos deuses e dos anjos também
que nos castigue à vontade, porém
não nos jogue além do além! Amen!.."

Anos trinta
foram anos medonhos!.. Tão longos, que
jamais terminavam e, cada vez mais,
os homens que os vivenciavam -- animais
irracionais se tornavam. Não choravam!..

A fome grassava.
Dominava os espaços vitais.
Os campos, que antes floriam,
sem chuva secavam -- não verdejavam mais.
A culpa não era do tempo e sim, dos iguais.

Parreiras murcharam,
seus frutos não deram.
Os trigos tombaram,
não mais vegetaram.

De sede cairam os viventes mortais e,
fracos sumiram no meio dos ossos insossos.
Naqueles dias dos anos sombrios da fome
viveram a morte total os mortais. Todos
sentiram o Apocalipse na carne. Eram assim
de Deus os sinais? E eram severos demais!..

Naqueles anos nauseabundos
cada ser humano via
no semblante do seu semelhante
restos putrefatos de uma civilização ruida.

Não estaria sendo
a "Revolução Francesa" vencida?

12/17/2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Tia Mria

Era uma vez uma "tia"
era chamada assim, porque
dizia ter o saber de toda a freguesia.
A todos conhecia, conselhos dava e
não blefava.. -- Quem a conhecesse,
tranquilo não dormiria. De tudo
ela -- a "tia" saberia.
Era assim a sua inusitada sabedoria.

Era isso que, a seu respeito,
ela pensava e dizia. E dizia
para toda a sua freguesia
-- de aconselhados, entre fronteiras,
de sua suserania.
O pior de tudo é que
acreditava naquilo que afirmava.

E dominava... Porém, não faturava,
porque somente o bolso dela é que
se esvasiava. Alegre, ela sorria...
Depois, só na lembrança se lamentava.
Mas, não chorava. Dizia ser forte.
-- A "tia" suportava e não chorava.

Alguns passadistas sentem
dos tempos juvenis dela
uma verdadeita nostalgia.
A freguesia, ao redor dela, só progredia
e só ganhava. Ela crescia, porque
achava que semeava. Resumindo,
todo aquele que a conhecia,
em seu próprio bolso, algo amealhava...
A "tia" sentindo-se gratificada, suspirava!

Carnês plantava
e sustentava grandes negócios de fé.
Alianças de plástico até comprava --
Elas abriam as portas do paraiso
para quem nelas depositasse
quantias substantivas nos portos de areia;
e, dos construtores de gigantescas balsas,
para as armadouras dos navegantes sem fé.

Assim caminhava e caminha a humanidade.
Baseando-se na credibilidade dos outros,
pode-se provar que os ventos não sopram e
que as chuvas não chovem. Apenas tomar
a posse, do possuido pelos outros; depois,
só arrastar o pé. Para alguém dizer:
"é, não tem fé...". Um outro, vai sugerir:
"um bom carnê resolve tudo, mesmo sem fé".

12/16/2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Salmo 139

Ao começar pensar, já estou pensando.
Os pensamentos meus todos, Ele os vê
e deles tira pouco proveito -- são inúteis.

Porque são meus, de fraco conteúdo e,
porque incosistentes, não passam pelo
crivo do julgamento Seu. E sei porque!..

Porque sou um caído -- do jardim Éden
fui expulso como um transgressor. Traí
a confiança do Poderoso. Do Criador!..

Ele cercou-me por todos os lados.
Criou limites ao meu caminhar...
Posso andar somente pelas sendas
dos Seus desígnios, sem me desviar.

Nem poderia me afogar nos fundos
do mar revolto, por entre as ondas,
como um peixe, me esconder. Ele
ali estará me vendo e me fará soer.

Mas, a sua face não me apavora,
porque encontro nela da bondade
o perdão. Ele estende-me a mão,
e dá-me a proteção. Afogar-me?..

Oh! Não, e não!..
Seguro posso estar na dEle mão.
Depois de expulso, lá do Éden --
amargo aprendi a lição: Perdão!..

Não me aborreço com os malfeitores;
pois são inimigos de si mesmos e de
seus parcos valores. Vindita terão --
sem por isso esperar. Terão de pagar!

Os pensares meus, de fraco conteúdo,
porque incosistentes, não passam pelo
crivo do julgamento Seu. E sei porque!..

Porque do jardim Éden sou um caído --
fui expulso como um transgressor. Traí
a confiança do Poderoso. Do Criador!..

12/15/2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A Severina, não!

Ele é fora de série.
Até parece um menestrel
-- canta seus cantos
como se forem comprimidos
para dores de cabeça,
de quem dela não pode se livrar
delas. Mas, tem de ser a
dor de cabeça de uma mulher...
Ele é Robert!
O dito foi: tem grude pelas mãos
e o prazo, jamais vencido está...

Mas, o reverso não lhe agrada --
sempre está no prejuizo. Embora,
de papo agradável, tudo lhe é farsa.
Em troca, tem apenas o cutucar --
na popular butique da Severina;
ficando-lhe, depois, a conta a pagar!
Dizem que a Severina sabe nadar,
nas águas dos rios naturais e
nas fundas piscinas de vitrais.

No fundo, ele é um trabalhador.
Batalha muito, não ganha tanto... Mas
o que consegue, elas -- irmãs da Severina,
lapidam mais depressa que se dê a conta e
o menestrel "sabido" fica só com o lápis na mão,
ainda bem que pode, fazendo a conta.
Espero que um dia a consciência dele
de algum modo desponte: a real situação
ele entenda, de uma vez, e a afronte.
Alguma Severina talvez lhe aponte!..

Por enquanto,
só vejo uma coleção de esquecidas
no seu abrigo incluidas -- que nada
podem oferecer... Apenas sabem lapidar
os outros -- aqueles
que não aprenderam a se defender!

Direi como uma dica -- não é conselho, não!
O cutucar butique da Severina, não vale a pena
se a pena for viver, todos os dias, nas mãos da
mísera e miserável cantiga da enganação.
Cuidado! A Severina, não!

12/14/2009

Salmo 137

Às margens da Babilônia,
cantamos as nossas canções
-- são gospel de ilusões!
Não há salgueiros,
foram todos cortados
-- apenas secas relvas rastejam.

Nem os capins-gordura vicejam.
Aqueles que se diziam
terem barba de Arão...
-- Todos medream!

Os cativos se encantaram
e aos cantos de encantos,
ao som dos acalantos
e dos búzios frutuosos,
se entregaram... -- Gostaram!
Gostaram tanto,
que até se algemaram.
E gostaram!..

Os opressores os ataram:
pediram os seus cantos e,
ao lado deles, juntos com
-- também cantaram.
Disseram-lhes, às palmas:
Cantem-nos e nos encantem
com os seus cantos santos!
Pode ser gospel.
Podem ser prantos.
Senhores somos.
Pagamos, ao peso de ouro:
Dêem-nos o gospel de ilusões!

Um gospel de paladar nosso.
Que tenha um rebolado apimentado.
Bem temperado!
Que arrase os alicerces das multidões.
Não deixe a pedra sobre pedra
-- que tudo seja ao som abafado
nas mofadas criptas dos grotões.

Então, teremos reconstruido a Babilônia
e seremos verdadeiros filhos de Edom!..
Ao som de canções gospel de ilusões...

12/14/2009

domingo, 13 de dezembro de 2009

Memórias de então

Seu Bento era um bento "capelão";
não de qualquer capela, mas de irmãos.
Exercia o seu papel não como o papel,
mas como um grandioso "papelão" --
havia, na família sua, um grande rachão.

A sogra Isma, parecia uma taquara.
Quando rachada, não soa nem na marra.
Mas ela ao saber não se dava -- cantar e
cantar... A todo custo se apresentava...
E cantava, que a dor de dor se espantava.

Foi a tanto tempo, que nem me lembrava.
Hoje, por acaso, acordei e vi que sonhava.
Estava lá nos Campos Gerais. Chovia...
A lua já não brilhava. O dia clareava -- até
poderia ter sido a madrugada que entrava.

Mas vejam só, quem na estória adentrava.
Era ela. -- A "tia". Aquela, que a cegonha,
ao meu pai, por alguma razão a deixava...
Era e será a irmã que não podia faltar, não!
- Junto a Isma, e com ela, a dupla formava.

Foi ali que o começo se iniciava. -- A troca
da toca se fez por um triz... Cantar quis e,
por nada e de nada, perdeu o próprio nariz.
Seguiu os conselhos do "capelão" -- agora,
um simples chapelão. Feito de "papelão"!..

sábado, 12 de dezembro de 2009

Para Maiakovski

Para Maiakovski
Poema de Marina Ivanovna Tsvetaievna (1892 - 1941)
Tradução do russo de Mykola Szoma

Acima das cruzes e das chaminés,
batisado no fogo e na fumaça,
Salve! -- Pelos séculos, Arcanjo
de passo pesado -- Vladimir!..

Ele é o carreteiro, e ele é o cavalo,
ele é o capricho, e ele é o direito...
Tomou alento, cuspiu na palma da mão:
-- Agarre-se, a glória do carroceiro!

Cantor de milagres obscenos --
Salve! O imundo orgulhoso,
que, com a pedra de peso-pesado,
escolheu não se seduzir pelo diamante.

Salve! Trovão das pedras de calcetar!..
Deu um bocejo, trunfou -- de novo...
Tomou as rédeas da carroça --
como se asa fosse de Arcanjo.

18 de setembro de 1921

O Natal que nunca foi

Por que não foi?
-- Não lhes direi, porque
nem mesmo eu o sei...

Apenas imagino, que deve ter um
álibi p'ra tudo -- o que se faz ou,
que não se faz -- entre os homens,
aqui na terra, no pequenino porém
importante mundo de cada um...

Acostumados que fomos,
que alguém sempre rogasse por nós,
eis que de novo sentimo-nos a sós...
Sendo assim, sempre estamos nós
rodopiando em torno de si e a sós!..

Sabemos, porém ou pensamos assim,
que dave haver um alguém rogando por
nós -- talvez, contra nós. E a sós!

O álibi de que falei
foi a "tia", que não é minha e
não fui eu qem a inventou, mas
foi meu pai que, de uma "segonha"
que por acaso voava sem destino --
a comprou... Agora, é toda verdade:
ele de algum jeito gostou. Digo,
o meu pai. Porque, a mim só complicou!

Ela é tia dos filhos meus.
Que se entromete em tudo que não é dela;
dizendo ser aquela que vê as coisas de
solaio e fala... fala... fala mais que um
treinado papagaio. Pelo sotaque r...r...
e carnê felpudo da renascida fênix...
Agora, eu me retraio. Porque,
com tia não se brinca -- nem de folgança...
A vida é pensar só em poupança.
O ganho a mais, dever é dar à liderança --
dos chamados abutres de esperança.
Em troca se recebe uma linda página
impressa. De resto, pensar que é bonança!

Agora digo o que se foi.
Foi a palavra de desrespeito ao ser tal qual.
Dizer que a mãe, que o pai e os demais
-- enquanto ainda heróis da infância,
não são os tais. Que são ignaros e
que não passam de "marginais" da fé
porque não dão seus décimos de pé
-- sentados preferem ver uma TV e
ler um livro "caro" para a mente despertar...

-- Jogar dinheiro assim, não dá...
A ordem é economizar! Depois, aos sábios,
de algum "templo", em segredo entregar!..
Para que viajem pelas galerias de vinhos franceses,
construam palácios enormes de sabores ingleses --
vivendo a vida, em nome dos pobres da fé,
destruindo deles a alma, por vezes.

Futricando assim,
separando os iguais,
destruiu sonhos natais.
Sem falar muito, fico por aqui...
Cada qual siga os seus passos;
em outros não veja os seus fracassos.
Devoradores não há. Há os enganadores,
que se apossar querem do pouco que tens e,
te prometem milhares de sonhos em troca de
alguns dos teus vintens. Cuide-os. É o que tens!
À "tia" -- não minha, mas a de vocês
desejo felicidades e meus parabens!

12/12/2009

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Hino à Jerusalém

Hino à Jerusalém
Piterka Badmaieva Olga
Tradução do russo por Mykola Szoma

Jerusalém!
Sempre que estou a caminho,
para pisar o teu solo, a minha alma estremece
-- e eu me arrependo e choro!..

Jerusalém!
O caminho de busca da ventura nos teus páramos é eterno!
Jerusalém!
As pedras brancas tuas foram lavadas pelos rios de lágrimas!
Iluminadas pelas Luzes do Amor!

Jerusalém!
Tu és uma gota própria, de cada um de nós!
Aqui, nas estrelas matutinas das casas,
elas viajam nos navios sobre a terra!
Lançam vapores nas nuvens do firmamento
Levantando às alturas celestiais o repique dos sinos!
Literalmente, pedem a ti -- RESPONDA!

Jerusalém!
A ninguém foi dado "ad aeternum"
A essência das coisas e a sua sabedoria conceber!
Somente, estar com sabedoria de cativeiro!
E, jogando-se ora à discreção, ora à vanglória,
Anunciando ora a guerra, ora a paz --
Podendo, cada qual, cair e alcançar!..
Apenas, não se dá ser imorredouro, a ninguém!

Jerusalém!
Com o teu Mundo vigoroso imortal!
Vemos aqui toda a insignificância das ofensas,
saciando-se as mágoas das traições!
Aperto os meus lábios ao Muro!
E sinto-me, como que crescendo Contigo!
Expandindo-me em Teus abraços --
sinto a minh'alma reconciliar-se consigo!..

Jerusalém!
A avalanche de sentimentos e o cruzamento de Credos!
Todos as táboas sagradas da terra!
Também, coragem e Modelo de Grandes Sofrimentos!..
Jerusalém!
As pedras brancas tuas foram lavadas pelos rios de lágrimas!
Iluminadas pelas Luzes do Amor!

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Jerusalém!
Tu és uma gota própria, de cada um de nós!
Aqui, nas estrelas matutinas das casas,
elas viajam nos navios sobre a terra!
Lançam vapores nas nuvens do firmamento
Levantando às alturas celestiais o repique dos sinos!
Literalmente, pedem a ti -- RESPONDA!

Israel, 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Salmos 126.127

1.
Quando acordamos, percebemos
que tinha sido apenas um sonho!
O cativeiro nosso continua ainda
-- ainda somos prisioneiros de si.

Não temos o que queremos,
porque queremos o que nós
não sabemos o que querer!
Ou, queremos o não poder!

2.
Haveria, porventura, numa ternura
de coração macio, um lapso ígni-,
que abrigasse algumas chamas --
aquelas que aquecessem a corá?

Fome não passaria, teria o maná!
Do sul saimos -- chegamos até lá.
Ganhamos nada... Por que será?..
O cativeiro nosso ainda é, ou está!

Não temos o que queremos,
porque queremos o que nós
não sabemos o que querer!
Ou, queremos o não poder!

3.
E se a guarda não for vigilante, a
segurança pouco eficiente será...
O pão de centeio será diluido. ---
Por entre os dedos, todo fluirá!..

Será a cidade dos mortos. Será
apenas um sonho que se findou.
Madrugadas geladas farão dias;
os viventes, vazias aljavas verão.

Quando acordamos, percebemos
que tinha sido apenas um sonho!
O cativeiro nosso continua ainda
-- ainda somos prisioneiros de si.

4.
Quando acordamos, percebemos!
Percebemos apenas: o que houve,
já se foi e, nunca mais retornará!..
-- Somos cativos de nós mesmos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O Pão Comunal

Sergei Orlov
Stikhotvoreniya. Rossiya -- Rodina Moya
Biblioteca de Poesia Soviética Russa
Moskva 1967

O Pão Comunal
Tradução de Mykola Szoma

Desde a infância eu vivi em comuna
P'ra lá de Byisk nos montes de Altai.
Sob o vasto céu do distante junho
estendia-se o espaço de suas terras.

Ali, como se num verde oceano,
tudo era comum em suas minúcias:
Quintais, casas, também a "banha"
-- comum aos homens e mulheres.

Desvios havia -- era bom estar atento.
Porém, não quero julgar aqueles dias;
apenas vejo com os olhos de criança.
Tenho um olhar indulgente ao feito ali.

"Serebristy", azuis, nuvens estenderam
um manto fresco em tempo de calor --
Fontes do brilho dos álamos radiantes
que se vergavam, sob o vento comunal.

Sobre um fundo azulado, imponentes
montanhas, formavam as cordilheiras.
Entre a bardana e a relva, se agitavam
como flores: eram pássaros. Voavam!

Tirlintava a forja na outra banda do rio.
Entre nós, alguém mentia, que ali
o sol cansado, às tardes, se escondia.
E pelas manhãs, aos ceus logo subia.

No campo de instruçoes, o dia todo --
aos ventos, subia fumaça pelo telhado.
Mal construido, já muito gasto pelo uso,
ali pairava firme e alto um longo prédio.

Na entrada, agradável cheiro de alimento.
Piso todo branco, estende-se ao longo...
As mesas, com as suas pernas abertas
abundavam pães -- que iam até as portas.

Trepidava, cortando a casca crepitando...
Todo esmigalhado, qual metal enferrujado,
o redondo pão ruborizado -- ainda retinha
as marcas da folha de repolho debaixo...

Sobre as duas palmas grandes, de fato,
ele tinha sido assado pelo fogo do forno.
Guardava as suas marcas desiguais
-- todas as nervuras, linhas, e raios...

Igual para todos, o pão gratuitamente --
O pão comunal, como uma sombra e luz.
Sobre mesas longas, aplainadas, e sem
bordas, não pintadas. Na hora do almoço.

Havia o pão para o café e para o jantar;
Mas, para nós -- da rapaziada, só o arado
-- correr ao lado dele, quando se o precisa.
Com ele o sal, com ele o verde cebolinho.

Em latões velhos de flandres, já empanados,
transporta-se "obrat", tipo de leite desnatado.
E banqueteia-se, quando se tem a vontade!
Tudo distante dos risos de crianças felizes...

Rapidamente voaste -- O!, meninice nossa...
Não mais se ouve o balouçar de tuas asas.
Porém, a vida deixa sempre a consequência
-- dela jamais esquecerei. A minha vivência!

O pão comunal. Sob os pálidos ceus azuis,
eu o comi não mais de uma vez... Depois --
uma "bukhanka khleba" (um pão de forma),
cortava-se em cinco, como trofeu de espada.

Com mãos encouraçadas, juntava-se migalhas
-- todas já congeladas, como se neve prateada,
sob a artilharia antiaérea e bombardeamentos.
Como se a vida fosse a morte; e o bem, o mal!..

O pão era duro. Fora assado com fogo e dor.
Era como a própria lágrima. Mas, para a vida
jamais se mostrou amargo... Nem uma vez --
Mesmo ainda na infância. E na guerra depois.

Tenho por felicidade pessoal, exclusiva,
tudo aquilo que a vida doou para mim:
O pão comunal e redondo, feito de trigo,
e o vento forte, que sorpou em Outubro!..

1957
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"banha" ---
estabelecimento de banhos coletivos
"Serebristy" oblaka ---
nuvens bastante tênuas, alt. de 70 - 90 km,
num fundo de um céu noturno
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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O distante está próximo

Serhei Orlov (1921-1977)
Poeta soviético russo, filósofo, paleontólogo, zoólogo, e
membro da Academia de Ciências da URSS.

Dalekoje stanovitsja vse blizhe
Do livro "Kniha Stikhov"
Moskva, 1982

O distante está próximo
Tradução de Mykola Szoma

O distante está cada vez mais próximo!
A Lua -- já está ali, ao nosso alcance...
A ciência avança e impulsiona o mundo
ao encontro dos tempos novos. Enquanto,
os queridos mais próximos se distanciam,
... a oculta essência das coisas se revela.

Como medir as alegrias e as tristezas,
-- seus pontos altos e os profundos...
Aproximar como, tendo-se a vitória por
sobre os abismos, que já separaram,
como se da Constelação de Andrômeda,
o mundo das humanas almas diferentes?

Os cálculos -- absurdo! Nem fórmulas há...
Apenas Homero, Tolstoi, Beetowen e Dante.
Também, da poderosa arte os foguetes geniais.
Ou ainda, ... os novos Romeus e Julietas --
Os grandes talentos de unidades de amar!..

São eles só! -- Por ninguém substituíveis!..
Sem eles, não! O mundo, por todos os anos,
jamais será pensado e jamais será realizado...
Harmonia e a felicidade nunca serão sonhados.

12/08/2009

domingo, 6 de dezembro de 2009

É dia de Natal

Papai Noel, Santa Claus,
Saint Nicholas, Sinterklaas,
Père Noël, Did Moroz --
Tanto faz!.. É dia de Natal!..

No coração dos homens, só
paz e alegria. -- Uma celeste
e inusitada sinfonia de vozes
ecoa, ecoa, ecoa e se entoa
-- como nunca antes se ouvia
ao secular canto da Boa Nova.

Ave aos homens! Jesus veiu!..
Deixou os céus, estar na terra
-- aqui conosco... Ele preferiu.
Quis conhecer a sorte humana
para depois, na cruz morrer e,
sem titubear por nós interceder.

St. Nicholas Day,
is December 6 --
(Nicholas of Myra)
who is also known as
Nikolaus in Germany
and Sinterklaas in the
Netherlands and Flanders.

Did Moroz ucraniano, ou
Ded Moroz! dos russos,
pouco importa para nós.

Saber devemos só, que
ele entra pela chaminé e
dentro do seu saco roxo
trás de tudo, para quem
tenha nele um puco de fé!

Ded Moroz!
Ano Novo. Árvore de Natal.
Festa para milhões
-- adultos e crianças.

A todos os que recebem a
Ded Moroz, terão também
uma Snegurotchka linda --
a bela donzela de neve!..
Mas...
Tanto faz!.. É dia de Natal!..

12/06/2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Salmo 113

Do leste ao ocidente
que brilhe a luz do Onipotente!

Do seu poder, da sua graça -
da permanente presença sua
e da sua gloriosa vitória que,
por nós ao longe não passa...

Sempre conosco está e,
com o seu manto sagrado,
ao calor do seu abrigo,
nos acalentando abraça!..

Está nos conduzindo pelos vales
-- por vezes sombrios, por vezes
de rochas truncadas, ao som de
riachos cantando suaves alentos
de brisas e de brandos ventos...

Assim caminhamos,
tranquilos com ele,
aos páramos de saberes silentes!

Seja alegre a mãe
que lê o salmo 113
porque seus filhos
louvarão sempre ao Senhor!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Michael JACKSON

Michael JACKSON
In memoriam -- Aleksandra Lotos
Tradução do russo por Mykola Szoma

Partiu o Rei, o cativo bisbilhotado,
Caiu, caluniado de boatos...
Porém, o seu caminho foi limpo e claro,
Embora a sua imagem se fez complexa...

O!, Michael, como foste infeliz!
Somente o palco mudou o paraiso...
Não, tu não morreste por agressões,
Disseste-nos apenas o teu: "Good-by!"

Porém, em todos os pontos do planeta
Ecoam os "Michael Jackson Hits!"
Os teus admiradores ficaram aquecidos
Pelas chamas da brasa das tuas canções...

12/01/2009