Taras H. Shevchenko
Tradução de Mykola Szoma
(Shchoma Mykola Opanasovych)
De novo, a Ucrânia foi escravizada
--- malditos lyakhy. Mais uma vez.
Mais uma vez entristeceram-se: a
Ucrânia toda, com ela o Chyhyryn.
Mais uma vez passou-se Makovia
--- o grande dia festivo da Ucrânia.
Também, passou toda a nobreza ---
os vendilhões profanos e desumanos.
Se embeberam de sangue humano;
mas, em taças de vinho se afogaram.
Baniam os cismáticos. Crucificavam.
Odiavam!.. Nada mais podiam tomar.
-- Os haidamaky, esperavam calmos,
até que os ladrões fossem sonhar...
Deitaram-se os inimigos. Não sabiam,
que outros dias não mais veriam. Não!
Adormeceram para sempre os lyakhy.
Contavam dinheiro ainda, os traidores.
Ninguém do povo os conhecia. Agora,
o seu ouro as suas cabeças encobria.
Todos dormiram para sempre...
Pois, que tenham um sono eterno leve!
Neste instante, a lua navegava tranquilo.
Os ceus, as estrelas, a terra, os mares,
refletiam a luz do luar. As gentes agiam
de tal modo, que Deus não podia ignorar.
A face prateada da lua, espargia sorrisos
sobre as estepes da nossa terra Ucrânia;
iluminando ... e, talvez tenha visto a órfã:
a pobre Oksana --- lá de Olshana. Será?
Pode estar ela submissa, gemente de dor.
Yarema não sabe? Não sabe, nem ouve?..
Saberemos depois. Agora, ouçamos esta.
Tocarei, cantando outra
--- não é o cantar de mulheres,
é a dança dos cossacos que vai ecoar.
Eu canto a desgraça do país cossaco!..
Ouçam e aprendam --- cantem aos filhos;
que os filhos escutem, cantem aos netos
de como os cossacos baniram os lyakhy,
porque não souberam honrados governar.
Murmurava a Ucrânia,
lastimando-se murmurava
--- muito tempo se deplorava.
Pelos séculos a fio
as campinas das estepes,
com o sangue de seus filhos
--- como rios, irrigava.
Muitos anos se passaram,
té que os rios todos secaram.
As campinas ainda verdejam;
sobre elas, espalhados,
os grandes túmulos pretejam
Pouco importa que são altos;
ninguém os conhece!..
--- São kurhany!
Azuis como nuvens densas
--- caidas restaram,
após as tempestades
que um dia passaram.
Ninguém chora
por seus ocupantes
--- ninguém se lembra deles.
Somente uma brisa leve,
sobre a lájea se estende;
somente a orvalhada
a sua lágrima enchuga
no floral da tumba.
Ao calor do sol,
tudo se transforma
--- nem orvalho, nem a brisa
deixam restos. Viram sombra.
E os netos?
Não são coisas deles
--- são escravos de senhores.
Embora que muitos,
mas ninguém conhece
quem era o Honta e
onde lhe fazer uma prece.
Em que tumba
Zaliznyak foi sepultado?
É um triste pesadelo!
Verdugo tomou a conta
de um povo inteiro ---
marasmo invadiu as mentes:
ninguém mais se lembra
dos bravos cossacos.
Murmurava a Ucrânia,
lastimando-se murmurava
--- muito tempo se deplorava.
Pelos séculos a fio
as campinas das estepes,
com o sangue de seus filhos
--- como rios, irrigava.
Dias e noites eram de gritos e
de troadas de canhões --
a terra toda estremecia...
Tristeza vem à memória,
enquanto o coração sorri.
Iluminada lua minha! Tu,
que lá no alto estás pindurada,
esconda-te por trás dos montes
--- não queremos mais o teu brilho...
Veja o sangue derramado nas águas
dos rios Ros e Alta e, do rio Sena.
Um vasto mar de sangue... Por que?
E agora! Faremos o que!?
--- Vamos esconder-nos
por trás dos montes,
para não termos de chorar,
quando a velhice nos abraçar!
Nos confins da abóbada celeste
brilha a lua solitária; junto às margens
do Dnieper largo, vagueia o cossaco --
poderá estar saindo de uma noitada.
Os seus passos lentos dizem
que está muito cansado... --- Poderia
estar levando o fardo de ser despresado.
Só no mundo e é pobre.
Como, alguém assim, seria amado?
Disse ela que o amava
--- pouco importava que andasse
todo remendado. O amor era velado.
Esperasse mais um pouco,
que a sorte haverá de ter chegado...
Porém, o coração chora ---
pressentindo algo doloroso;
poderia ser o que?
Sem resposta, por amor implora!
Passou a desgraça e todos silenciaram.
Parece que partiram para outras plagas.
--- Nem sombra de si deixaram.
Os cães não mais latem,
os galos não cantam;
somente, por trás dos montes,
de alguns lobos, os uivos se ouvem.
Pouco importam dos lobos os uivos.
São os passos vagarosos do nosso Yarema!
--- Seu destino não é a Oksana em Olshava.
Não é este o dilema!
O Yarema se dirige até a Cherkassy ---
quer falar com os infieis lyakhy.
Os terceiros galos agora cantaram...
As margnes do Dnieper largo,
aos olhos do Yarema, se magnificaram.
"Ai! Dnipro, meu Dnipro largo e poderoso!
Muito sangue cossaco tu já levaste para o mar
--- levarás mais ainda, fiel amigo!
Avermelhaste as azuis águas;
porém, não te saciaste...
Mas esta noite serás embriagado.
Esta noite: um infernal dia santo,
por toda a Ucrânia, ressoará.
Muito, muito, mas muito sangue
--- um sangue da nobreza lyakhy
pelas estepes verdes correrrá.
Ressussitarão os kozaky; também,
os hetmany, em seus dourados zhupany.
"Não haverá mais taverneiro,
nem haverá nenhum lyakhy;
--- nas campinas das estepes
apenas o brilho da bulava se verá!"
Oh! meu Deus... Assim será?
Andava, pensando assim, o mal vestido Yarema,
segurando um tarani bento em suas mãos.
O Dnipro fingiu estar ouvindo o seu pensamento e
levantou vagas enormes de ondas azuis,
tangendo, com chibatas de juncos, as margens
cobertas de salgueiros... E, não mais parou!
Os trovões se enfureceram,
relâmpagos se incendiaram.
De ponta a ponta, as nuvnes se rasgaram.
Não notaram que o Yarema
de tão pensativo, deles nem se apercebia
--- só pensava na sua Oksana. Ela sofria?
"Está longe a minha querida.
Não a vejo... longe dela.
--- Ela de mim lembra?..
Talvez, nunca a veja!"
Lá ao longe... Lá daquele vale,
ouve-se o canto dos galos --- ku-ku-ri-ku!
"E Cherkassy!.. Deus querido!
Que ainda eu chegue a tempo!"
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Cherkassy --- Cidade às margem do Dnieper (nome antigo, hoje: Dnipro)
zhupany --- Vestimenta tipo casaco longo
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04/30/2009
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