O ser deixou de ser
para ser um fantoche
dos manipuladores!
Dos que o dominaram
e despojaram-no do pedestal
para as baixadas do nada,
da vida pacata de um mortal!
Segundo o Criador
o ser criado foi igual ao criador
-- tomar do mundo a conta e,
de todas as coisas da terra...
Ser um absoluto senhor!..
Dar nome aos bichos,
pastar os rebanhos,
pescar os peixes,
deliciar-se da brisa matutina e,
na surdina, das sombras das tardes
-- ao por do sol, amar sem dissabor!
O ser deixou de ser
para ser um fantoche
dos manipuladores!
Tomaram-lhe a coroa,
tornaram-no órfão de si e,
disseram-lhe que,
por mais que quisesse,
não passaria de sombra de outrem
-- um animal apenas, aos outros igual;
sem vontade de ser um ser divinal --
E, então, foi a desgraça total!..
"Ser, ou não ser",
eis a questão capital.
Despojaram o homem de tudo
-- deixaram-lhe uma vida banal.
Para ser um alguém,
deve em outros buscar;
nada em si tem, para se desvendar;
mas, do outro a vontade nem sempre
presente está -- vale só quando
o custo compensa e a verdade,
à base de ouro, garante-lhe a sentença.
Depois vieram os "profetas"
os psiquiatras e os atletas
dos jogos solenes dos gregos e dos romanos
-- homens fortes e sem pudor,
que domaram as coisas a seu modo
tirando o resto que ainda havia se camuflado
nas entrelinhas dos poetas --
os seres que seres não mais eram,
pois se tornaram tombadores
das verdades de algum Senhor.
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